quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Jogado Aos Ratos

Jogado Aos Ratos

Pensei em não escrever sobre o assunto, mas o estado de calamidade na Cidade Maravilhosa é tão grande, que não poderia me calar. Mas quem mora aqui nessa cidade vê o estado de abandono a cada minuto, em cada esquina, em cada ato, em cada notícia, em cada história, em cada postagem, em cada telefonema, em cada informação que chega sobre a cidade. A todo instante temos a certeza de que estamos jogados à nossa sorte, sem que União, Governo ou Prefeitura farão algo para mudar isso em curto espaço de tempo.
Com pessoas indignas sentadas em suas cadeiras de comando, o país, o estado e o município acabam sendo joguetes na mão de incompetentes, que não se preocupam com o bem-estar da população, mas sim com verbas, com condicionamento de dinheiro e com reeleições e maracutaias, aumentando ainda mais a sensação de descaso e abandono.
Os moradores da Cidade Maravilhosa estão totalmente perdidos, literalmente como cegos em tiroteio, até por conta de ter um tiroteio em cada esquina, quase que a todos os momentos do dia, não havendo mais qualquer parcimônia por conta dos marginais, ante a incapacidade das nossas forças de segurança de fazerem frente aos mesmos.
A pior sensação para mim é de sair de casa e não saber se você vai voltar. Bens materiais você está sujeito a perder, seja por problema de fabricação, esquecimento, danificação, extravio ou qualquer outra coisa, contudo, a vida, que é o bem mais precioso que temos, está se tornando descartável em plena São Sebastião do Rio de Janeiro.
E na Cidade Maravilhosa, anda se perdendo vidas por descaso. Seja por conta da violência, que está tão presente, seja por falta de investimento na saúde, onde faltam remédios, insumos e pessoal nos hospitais, até problemas com transportes ou ainda, epidemia de febre amarela.
Está difícil de se viver aqui, você sai de casa e não sabe se volta. Se vai de carro, corre o risco de um marginal te dar um tiro para levar o seu carro, se vai de ônibus, pode ser alvejado na travessia por alguma das zonas de guerra da cidade, se vai a pé, pode ser atacado por marginais ou atropelado por algum bandido em fuga, se vai de bicicleta, pode acontecer isso tudo.
A insegurança é palpável em nossa cidade, muitas pessoas já estão procurando alternativas. Portugal, interior, outros estados, outros países... A verdade é que o Rio aceitou ser largado. Nós mesmos o largamos, nós, os cariocas, aceitamos que um senador incompetente se tornasse um prefeito ainda mais incompetente, permitimos que um vice-governador ligado a um partido corrupto, fosse eleito e se tornasse um governador que seguiu a cartilha do seu antecessor e mais, permitimos que um vice-presidente assumisse o comando do país e fizesse todos os males contra a nossa população e não fizemos nada.
Acontece, que todos os nossos atos geram consequências, hoje estamos pagando por elas. Seja com o cerceamento do nosso direito de ir e vir, seja com a falta de saúde em nossos hospitais, seja pela falta de aula para as nossas crianças em nossas escolas, seja pelo fechamento de vias expressas vitais para o escoamento de nossa população, seja pela ausência de verba para investimento por conta dos assaltos aos cofres públicos feitos pela quadrilha do Cabral...
Hoje a nossa cidade chora e muita gente lava as mãos. Embora nosso sistema democrático permita que alguns se julguem aquém de qualquer culpa, a verdade é que a culpa é de todos nós, que somos omissos, estamos mais preocupados em curtir o carnaval, assistir ao BBB e criticar a Anitta do que irmos para as ruas e reivindicarmos nossos direitos. A população sofre na mão desses políticos e o povo acha que a saída é falar mal da música do verão.
Esse ano teremos eleições e tenha certeza que não é só quem senta na cadeira do executivo que é responsável por essa situação calamitosa, os nossos representantes no legislativo também o são, permitindo que sejamos acharcados pelos mandatários e participando de acordos, negociatas e afins, sem se preocuparem com o povo, mas tão somente com os seus próprios umbigos.
O Judiciário também compactua com essa situação calamitosa, enquanto funcionários públicos do estado atentaram a própria vida por problemas de falta de pagamento e acumulo de dívidas, o mesmo votou a inclusão de mais auxílios e bolsas, para se somarem aos seus salários, que era o único que não ficava atrasado no estado.
A verdade é que nós, os cariocas, precisamos levantar nossas cabeças, pensar em começar a luta pela retomada da nossa cidade, precisamos encarar os desafios, exigir que nosso prefeito comece a comandar nossa cidade, não só pelos seus interesses e de seus comparsas da Universal, mas também para todo e qualquer cidadão carioca. Ele não pode achar normal enganar a população, falando que os hospitais municipais estão as mil maravilhas sendo que tem gente morrendo nos seus corredores.
O governador se cala diante das mortes de crianças, diante de tantas mortes de policiais, diante de tantos focos de tiroteios, dia após dia. Nada é capaz de fazê-lo admitir sua culpa, sua falta de decência para com os cidadãos. Ele não altera a sua agenda diante de fatos que hoje se tornaram banais. Morte, morte e mais morte. E ninguém vê uma luz no fim do túnel, pois os possíveis candidatos ao seu cargo também não passam a menor credibilidade.
Pobre da Cidade Maravilhosa, onde hoje até o Cristo Redentor deve estar de braços abertos com colete à prova de balas. Mas enquanto a população não colocar na cabeça que os governantes são nossos empregados e não o contrário, que educação é solução sim, que igualdade social, racial e sexual são metas de governo e que promover a paz passa por você dar condições mínimas de a população viver bem, ainda vamos sofrer muito nessa cidade. Pois é, Rio, estamos jogados aos ratos, mas ainda dá tempo de desratizar tudo isso aqui. Continuemos em frente, pois políticos vêm e vão, mas o povo é o que fica.

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