quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Amar Sem Temer

Amar Sem Temer

Muita gente curte o carnaval, se diverte, beija na boca, brinca, se fantasia, bebe, transa, faz o que quer, age como se o mundo fosse acabar. Acho muito legal esse espírito libertário e libertino, já que as pessoas estão muito mais dispostas e tranquilas a viverem as coisas. Elas provam, experimentam, exploram, se libertam e não se preocupam com o que vão falar, com o que vão dizer, com quem vai ver, com quem vai julgar.
E aí está o meu maior fascínio, já que muitos se permitem viver aquilo que eles não vivem normalmente. Usam o carnaval como uma desculpa para fugir das amarras da sociedade, da opressão da família e até dos seus demônios internos, se largando no mundo e vivendo nesses poucos dias de festa momesca para poder ser quem é realmente por sua essência.
Então, é um tal de homem se vestir de mulher e agarrar um bando de homem no meio da rua, mas que fora do carnaval ele se mostra contra os gays, mulheres que se mostram contra as lésbicas em sua vida não carnavalesca, mas que no carnaval beija a melhor amiga só para curtir, ou então, aquela pessoa que diz que nunca fez aquilo antes, mas que todo carnaval enche a cara e acaba com alguém do mesmo sexo na sua cama, mas que diz que essa foi a última vez.
Eu não tenho preconceitos sexuais, acho que todo mundo deve fazer o que quer e o que lhe permite ser feliz, se gosta de beijar homens, beija, se gosta de beijar mulher, beija, se gosta de beijar trans, beija. Isso não me diz respeito, não me importa com quem e o que você faz entre quatro paredes, só me importa se você é uma pessoa de bem e feliz.
O que me deixa mal é a hipocrisia das pessoas, é a forma como elas lidam com essas coisas, como que o amor de duas pessoas pode ser visto como uma mazela, mas a fome, a guerra, a destruição, o ódio e tantos outros males não.  É triste ver como o ser humano consegue ser mesquinho até com o amor, julgando que só um homem e uma mulher podem ser felizes.
Hoje temos diversas formas de combinação sexual, tantas formas de amar e quem sou eu para dizer que a minha é a certa? Sou heterossexual, nunca tive dúvidas disso, convivo muito bem com a minha sexualidade e acho que por isso mesmo, posso explorá-la, sem que eu ache que é algo ruim, pecaminoso ou feio. Porém, porque que a minha sexualidade pode ser explorada e de tantas outras pessoas não podem?
O que me diferencia de outros homens que sentem tesão com outros homens? Ou de mulheres que se sentem atraídas por outras mulheres? Ou de pessoas que se sentem atraídas por homens e mulheres? O que muita gente não consegue ver, é que assim como eu e você, essas pessoas só querem ser felizes, só querem poder explorar seus corpos para terem e dar prazer.
São pessoas saudáveis, que não tem nada de abominação ou de vergonha, são seres humanos, que merecem respeito e aceitação pela sociedade. Não estou aqui pregando que você se torne gay, lésbica, bi ou trans, mas que você aceite que outra pessoa queira ser. Aliás, que você entenda, que você não tem nada a ver com a vontade da pessoa, com a orientação sexual dela.
Em pleno século XXI ainda há quem se ache no direito de bater em outras pessoas por conta da sua cor, da sua raça, da sua origem, da sua sexualidade, do seu gênero, da sua idade... A verdade é que a nossa sociedade evoluiu a ponto de o negro não voltar mais para a senzala, a mulher para a cozinha e os LGBTs para o armário, felizmente.
Acho que devemos parar de nos preocupar em cagar regras e impor nossas vontades, afinal, o que eu necessito para a minha felicidade pode não ser o que outro necessite e nem por isso o meu modo de ver o mundo é o correto ou o do outro, nossos modos são perfeitos para os nossos mundos, mas não quer dizer que sejam os únicos.
Eu prego a felicidade como único objetivo de vida de cada ser humano. E o amor traz felicidade. Não importa a orientação sexual, creio que todos nós devemos amar sem temer. Afinal, já foi errado uma pessoa negra se relacionar com uma pessoa branca, já foi errado uma pessoa mais velha se relacionar com uma pessoa mais nova, já foi errado uma pessoa rica se relacionar com uma pessoa pobre...
A sociedade mudou, devemos entender isso. Quero poder dizer para as pessoas que o amor é livre, que cada um pode estar com quem lhe agrada e apetece, que ninguém mais se importa se a pessoa é hétero, homo, bi, trans, pan, assexuada ou qualquer outra coisa que se denomine daqui para a frente. Devemos parar com rótulos e forcamos no que realmente importa, em espalharmos o amor no mundo, pois isso está extremamente em falta.
Enquanto nos pegamos reclamando do amor alheio, causando o mal uns aos outros, somente por sermos diferentes, por agirmos, pensarmos e sermos diferentes, estamos deixando de viver o amor, de amar, de termos o amor como meta, de sermos felizes, consequentemente. Que cada um posso explorar o seu amor, viver o seu amor e fazer com que o amor seja a única coisa que realmente importe. Que possamos, todos, seguirmos em frente e AMAR SEM TEMER!

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