terça-feira, 30 de maio de 2017

Não Quero Um Relacionamento, Quero Me Envolver

Não Quero Um Relacionamento, Quero Me Envolver

Estou cercado de pessoas que estão se acovardando no que diz respeito aos relacionamentos. Muita gente preferindo viver ilusões do que se arriscar em aventuras, é gente que opta por algo mais seguro, mas que não chega nem perto de ser o que a pessoa realmente gostaria, do que viver algo que sabe em que existe sim a possibilidade de dar errado, contudo, que traz muito mais vida, alegria e afins para a pessoa. É muita gente se escondendo atrás de um relacionamento falido, ao invés de buscar a sua felicidade, colocando que pode ser feliz com alguém que não lhe entende, que lhe força a ser outra pessoa ou que lhe obriga a mudar e não ser realmente quem você é.
Parece uma epidemia, vejo várias pessoas em relacionamentos que não as fazem felizes e aí, buscam um consolo em outros lugares, seja nos braços de terceiros ou em saídas, novos hobbies ou qualquer coisa que o distraia da realidade do seu relacionamento, onde por comodismo, afeição, carinho, carência ou sei lá mais o que, a pessoa permanece lá, sem que veja que o mundo é além.
São amigos e mais amigos (homens e mulheres), vivendo em situações de puro comodismo, vivendo uma relação que eles vão levando com a barriga. Calma, não estou falando que no primeiro problema as pessoas devam se separar e buscar ir cada um pro seu lado, não é isso. Até porque, sou contrário à isso, sou a favor de se fazer todo o esforço ao nosso alcance para salvar nosso relacionamento. Contudo, existem momentos em que devemos saber quando a luta é possível de ser vencida e quando a guerra já está perdida.
O problema, é que essas pessoas estão enfiadas em relacionamentos falidos, onde não dá mais para se salvar a relação. Estão vivendo algo que não tem mais volta, que o relacionamento acabou, só não foi finalizado. É aquela relação em que se perdeu o carinho, o respeito, a amizade, a admiração, onde se perdeu tudo de bom e só se mantém por conveniência, por medo de ficar sozinho, por saber que as famílias vão perguntar, por não saber como explicar o que deu errado, mas de qualquer forma, você se mantém pelos motivos errados.
Em alguns casos, a pessoa se mantém por pena, por carregar nas costas a infelicidade do outro e com isso vai mantendo uma relação que é totalmente nociva para os dois, pois não agrega mais coisas boas, só traz sentimentos ruins, coisas que machucam, fazem mal e vão fazendo a relação deixar de ser algo bom e passando a ser um estorvo.
Não estou dizendo aqui que era melhor não ter tido esse relacionamento. Não é isso, todo relacionamento vale a pena, mesmo aqueles em que você descobre que o melhor é nunca mais ter um igual. Como já cansei de falar, de tudo você tira uma lição positiva, mesmo que seja a lição de nunca mais repetir aquilo. Mas o ponto é, esse relacionamento chegou a um ponto, que você tem que saber que não vai mais ser prazeroso, não vai mais ser vantajoso, não vai mais ser legal e muito menos uma experiência feliz.
São casos onde o parceiro quer que você mude, por exemplo. Vocês se conhecem num bar, bebendo todas e depois de um tempo uma das partes começa a criticar que você goste de frequentar bares e beber todas. Quando você é uma pessoa que sempre teve muitas amizades e aí o parceiro começa a reclamar disso, implica com seus amigos, a ponto de você optar por se afastar dos seus amigos para ele se sentir melhor, aí ele começa a reclamar dos seus familiares, aí quando você repara, sua vida é só com o parceiro. Quando você é uma pessoa que gosta de sair e o seu parceiro começa a querer te fazer ficar mais em casa, assistir maratonas de séries e assim vai.
O engraçado dessa coisa toda, é que muitos desses amigos, dizem que é uma coisa boa, pois o outro desperta nele coisas que ele não era. Mas é exatamente isso, você não é essas coisas. Claro que as pessoas nos influenciam, isso é um ponto certo de um relacionamento, as pessoas nos tornam pessoas melhores, até porque queremos ser exatamente como as pessoas nos veem com seus olhos. O problema é quando o outro quer que a gente mude os nossos aspectos centrais da nossa personalidade.
Quando o problema é justamente você falar para uma pessoa que gosta de sair, que ela tem que parar de sair, ficar mais em casa. Pra uma pessoa que gosta de beber, que ela não pode mais beber, que isso não é legal. Ou então, quando uma pessoa gosta de sair pra noite, boates, shows, bares e afins, e você não quer mais que ela faça isso. Ou ainda, quando você critica as amizades e os familiares da pessoa, para que ela se afaste deles por você ter ciúmes ou querer o controle da vida dela. E aí é quando você começa a tolir a personalidade do outro e isso é uma tremenda sacanagem.
Até porque, como eu ínsito sempre, você se apaixona por alguém pelas suas qualidades, mas aprende a amar pelos seus defeitos. Você descobre que ama alguém quando você percebe que os defeitos dela não te causam problemas, muito pelo contrário, você começa a achar que determinado defeito é até o charme da pessoa, a graça dela. É quando você é a pessoa mais pontual do mundo, comina de chegar na casa da pessoa 19 horas e ela ainda nem entrou no banho, mas ainda assim, você consegue ver graça nisso.
Outro ponto que me causa espanto, é que por estarmos nos aproximando do dia dos namorados, as pessoas parecem estar mais propensas a aceitar qualquer coisa que joguem na direção delas. Algumas então, são mega especialistas nessa arte de achar o pior no meio dos piores e conseguem sempre estar envolvidas com quem não tem a menor, digo menor mesmo, afinidade com elas.
Mas pra alguns, o que vai contar mesmo é passar o dia 12 de junho acompanhado do mozão. É estar com alguém que supra a sua carência ou a sua necessidade de exibir nas redes sociais que não está sozinho, carente ou que ninguém te quer. Pra mim, vai ser mais um dia, como outro qualquer. Não vou querer estar ao lado de alguém só porque a sociedade acha que isso que é bom.
Já tive muitas provas em minha vida de que é muito melhor estar sozinho do que mal acompanhado, ainda mais nessa fase atual das pessoas em que elas estão pouco dispostas a se doarem, a se desnudarem e de vivenciarem uma boa relação. As pessoas andam se escondendo em relações frias e superficiais e isso pra mim é totalmente inaceitável.
Prefiro muito mais estar sozinho e esperar até encontrar alguém que se encaixe em minha vida, do jeito que a minha vida é, do que abrir mão das coisas que me fazem ser quem eu sou, para agradar alguém que não está disposta a fazer sacrifícios para estar comigo. E esse é um ponto que me é muito sensível, pois eu sou desses, eu meto a cara, caio pra dentro, se tiver que ir atrás no Japão, eu vou, mas desde que eu sinta que a recíproca é verdadeira.
Nesses dias, vi um meme que dizia: Não vou pegar um avião por alguém que não é capaz de atravessar uma rua por mim. E penso bem dessa forma, não vale a pena quando só um dos dois está disposto. E isso é importante de se falar, pois estamos passando por momentos em que todos querem o “seja feita a vossa vontade”, mas o “venha a nós o vosso reino”...
Apesar de as pessoas gostarem muito de serem servidas, agradadas, amadas, elas não estão muito preocupadas com a retribuição, não querem fazer a parte delas, e colocar o gerúndio em suas vidas, não querem o servindo, o agradando e o amando, isso pra elas é supérfluo, desde que a relação lhes traga benefícios, de preferência materiais. A minha geração está se esquecendo que o amor ainda é importante, mas não o amor única e exclusivamente erótico, estão se esquecendo que comprometimento, companheirismo, amizade, afeição e carinho se somam ao desejo carnal para formar uma relação respeitável.
Assim sendo, estamos vivendo momentos em que as pessoas querem namorar sem amar o outro, casar sem amar o outro, querem ser agradadas, mas não estão nenhum pouco dispostas a agradar, querem mudar o outro, mas não abrem mão de quem elas são, querem tudo, mas não estão dispostas a dar nada, querem ser entendidas, mas não se abrem, querem que a vida seja um passeio no parque, mas não estão dispostas a encarar as intempéries da vida. A verdade é que tem muita gente disposta a ter um relacionamento, mas poucas pessoas realmente dispostas a se envolverem.

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