Experiência De
Quase Morte
Encarei a face
feia da morte e ela me sorriu
Acreditei que
aquilo era o que de melhor eu teria
Um coração pesado,
mortalmente me feriu
Atuava em minha
vida mais forte do que magia
A morte era feia,
mas sabia seduzir
Enganava a todos
que criam na sua felicidade
Que ia acabar com
a dor ela chegava a garantir
Mostrava-se
influente sobre mim a qualquer idade
Sangrou-me os
pulsos como se isso fosse me trazer paz
Beijei a morte por
longos 360 segundos
Aquela boca amarga
queria mais e mais
Estava eu assim,
habitando dois mundos
Em um mundo, a dor
era um peso enorme nas costas
No outro, a gélida
luz me acalentava
Num, eu estava
cercado de gente morta
No outro, por mais
que eu tentasse, ninguém me escutava
Voltei ao mundo
depois de uma forte dor
Parecia que eu
nascera novamente
A consciência
vinha entremeada de um forte odor
Cheiro que me entorpeceu,
assim, dominando-me a mente
Me deixei dominar
por devaneios delirantes
Acreditando ainda
nas promessas que a morte me fez
Não conseguia me
firmar em pé, pois as pernas estavam claudicantes
A ideia da morte
me beijar, simplesmente se desfez
Não via mais
sentido naquilo que me tornara
Acreditei em
falsas juras de uma torpe messalina
O sangue ainda
comprimia minha cara
Toda a vontade de
mim declina
A morte me
espreitava ainda
Sorrateira, marota
e mesquinha
Minha alma se
encontrava agora na berlinda
Azedando toda a
doce vinha
O desfibrilador
ainda ardia no meu peito quente
Ainda meio que sem
jeito minha respiração arfava
O teto preto nos
olhos fazia com que eu lembrasse do aconchego do ventre
Do outro mundo a
morte já não mais me chamava
Quando me retomei
pra mim, já não aceitava seus gracejos
A morte já não era
mais uma coisa sedutora
Eu já não me
deixaria ser capricho para seus desejos
Então, ao invés de
você me matar, que você morra
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