quinta-feira, 25 de maio de 2017

Experiência De Quase Morte

Experiência De Quase Morte

Encarei a face feia da morte e ela me sorriu
Acreditei que aquilo era o que de melhor eu teria
Um coração pesado, mortalmente me feriu
Atuava em minha vida mais forte do que magia

A morte era feia, mas sabia seduzir
Enganava a todos que criam na sua felicidade
Que ia acabar com a dor ela chegava a garantir
Mostrava-se influente sobre mim a qualquer idade

Sangrou-me os pulsos como se isso fosse me trazer paz
Beijei a morte por longos 360 segundos
Aquela boca amarga queria mais e mais
Estava eu assim, habitando dois mundos

Em um mundo, a dor era um peso enorme nas costas
No outro, a gélida luz me acalentava
Num, eu estava cercado de gente morta
No outro, por mais que eu tentasse, ninguém me escutava

Voltei ao mundo depois de uma forte dor
Parecia que eu nascera novamente
A consciência vinha entremeada de um forte odor
Cheiro que me entorpeceu, assim, dominando-me a mente

Me deixei dominar por devaneios delirantes
Acreditando ainda nas promessas que a morte me fez
Não conseguia me firmar em pé, pois as pernas estavam claudicantes
A ideia da morte me beijar, simplesmente se desfez

Não via mais sentido naquilo que me tornara
Acreditei em falsas juras de uma torpe messalina
O sangue ainda comprimia minha cara
Toda a vontade de mim declina

A morte me espreitava ainda
Sorrateira, marota e mesquinha
Minha alma se encontrava agora na berlinda
Azedando toda a doce vinha

O desfibrilador ainda ardia no meu peito quente
Ainda meio que sem jeito minha respiração arfava
O teto preto nos olhos fazia com que eu lembrasse do aconchego do ventre
Do outro mundo a morte já não mais me chamava

Quando me retomei pra mim, já não aceitava seus gracejos
A morte já não era mais uma coisa sedutora
Eu já não me deixaria ser capricho para seus desejos
Então, ao invés de você me matar, que você morra

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