terça-feira, 2 de maio de 2017

Pessoas Vazias, Corações Cheios...

Pessoas Vazias, Corações Cheios...

É curioso como as pessoas gostam mesmo de lidar com a questão dos relacionamentos de uma forma até, meio que simplória, ainda tendo uma lista de desejos para serem atendidas pela outra pessoa que não são coisas que acabam nos fazendo ficar felizes realmente. Nos apegamos a desejos meramente superficiais, abrindo mão de algo que tenha raiz ou fundação capazes de superar tempestades e tormentas.
Falo isso, pois esse fim de semana eu conversei com amigos meus e muito sobre isso. Na sua grande maioria, meus amigos estão em relacionamentos, alguns que eu vejo que irão muito além de um simples namoro, outros que eu não sei como estão conseguindo ser mais do que uma mera questão de conhecer um pouco mais além de alguém. Contudo, a cerne do nosso papo, sempre foi essa questão de entrar em sintonia com outra pessoa, de permitir ela entrar ou não na sua vida, de você dividir ou não a sua vida com uma outra pessoa, entende?
Nas minhas pesquisas de campo sobre relacionamentos, acabo sempre esbarrando com as mesmas complicações e os mesmos obstáculos e acho que a grande maioria das pessoas também. As pessoas andam cada vez mais vazias, contudo, preenchendo os seus corações cada vez mais rápido. Estamos passando por uma infestação de pessoas rasas e superficiais, onde ninguém se preocupa realmente em se aprofundar em uma relação. Ninguém quer se abrir realmente, quer se mostrar como realmente é, quer se deixar ser observado como realmente é.
Ao meu ver, as pessoas estão se apegando as coisas que dão menos trabalho e que sejam depois mais fáceis de descartar. É muito mais fácil você abrir mão de algo raso do que algo profundo. Muita gente quer se relacionar, mas não quer que a pessoa participe de sua vida. Esses dias vi o meme em que falava de que a pessoa não nasceu para ser contatinho, mas sim para receber ligação da sogra para ir participar do almoço de família no domingo e ainda chegar e falar que é você quem vai lavar a louça.
Fui criado e condicionado a entender que em uma relação, a pessoa precisa viver os seus prós e os seus contras, a pessoa precisa viver seus dias de sol e os seus dias de tempestade, precisa conhecer as suas alegrias e as suas tristezas e vice-versa. Porém, o que eu tenho mais visto é que as pessoas preferem um certo distanciamento, como uma tábua de salvação, caso o relacionamento vá por água abaixo.
Perceba, pessoas não são coisas, nunca é fácil você ter que se afastar de alguém, nunca é fácil você ter que retirar alguém da sua vida, principalmente se essa pessoa é alguém que você abriu seu mundo, se permitiu ser desvendado, se permitiu conhecer abertamente. As pessoas querem ter relacionamento, sem ter vínculo, sem se conectar com a outra pessoa, é uma individualidade em uma coisa que é coletiva. As pessoas se preocupam muito com o individual, não valorizam a troca, o encaixe de estar em contato com uma outra pessoa.
É aquilo, cada um de nós é um universo único, por isso entendo que por isso mesmo a gente consegue se bastar, contudo, a gente evolui mais quando permitimos que o nosso universo entre em contato com um outro universo. Quando os dois universos se interligam, trocam e vivem um no outro, temos uma vivência ainda maior e melhor.
Tanto é, que por isso mesmo, creio na conjunção de almas, acho que as pessoas precisam se desnudar mesmo, abrir suas vidas para o outro, compartilhar, conviver, coabitar, coexistir, até mesmo coamar, ter um amor de partilha, um amor a dois, algo que seja mais do que só perguntar como foi o dia e a pessoa responder que foi bom, é você realmente se sentir apto a contar cada aspecto do seu dia, fazer questão da opinião do outro, para quem sabe com uma outra perspectiva a coisa toda mude, contudo, as pessoas estão preferindo o básico, o simples, o razoável.
A mim o básico não satisfaz, o simples não completa e o razoável não é compatível, eu preciso de conexões complexas, de raízes profundas, de fundações sólidas e indestrutíveis, pois só assim eu faço relacionamentos inesquecíveis. Mesmo com as minhas ex-namoradas, minhas relações foram marcantes, profundas e inesquecíveis. Canso de falar isso, não é porque um relacionamento acabou que ele foi uma merda, muito pelo contrário, o relacionamento foi ótimo por muitos e muitos momentos, acontece que ele não está mais sendo bom o suficiente para se sustentar e aí, é melhor terminar do que acabar transformando o que foi bom em sentimentos ruins.
Hoje em dia, as preferências estão deturpadas, a pessoa prefere se relacionar com alguém que pouco quer saber da sua vida, que pouco pergunta, que pouco se importa... Pra mim isso não serve, eu quero uma pessoa que tenha a minha vida como uma extensão da sua, não no sentido de querer tomar conta, ter ciúmes ou viva a vida dela em função a minha. Não, não é por aí, pra mim, é a questão da pessoa fazer questão de estar inserida, de se interessar, realmente, de demonstrar afeto, carinho e atenção, de se preocupar, de estar atenta aos detalhes a ao que importa.
Já cansei de falar sobre isso, mas pra mim é realmente aquela coisa da música dos Tribalistas: “Meu melhor amigo, é o meu amor”, penso que esse é o auge de um relacionamento, você estar com alguém que seja o seu melhor amigo, que seja a pessoa com quem você quer dividir seus momentos bons e ruins, que você pensa em trocar ideias sobre todos os assuntos, que você quer falar desde sobre o que você comeu, até como foi stressante o trabalho, é aquela pessoa que te levanta quando você precisa e que te traz de volta pro chão quando você vai pro mundo da lua, é aquela pessoa que sabe o seu lado bom e o seu lado ruim e que entende que é justamente essa mistura toda de complexidades que te faz alguém único.
Eu acho que quando você resolve se permitir gostar de alguém, abrir espaço para se apaixonar e consequentemente para amar alguém, você está escolhendo conviver com alguém mais intimamente, algo além do: ‘Opa, e aí, vamos pra onde hoje?’, é muito mais do que isso, é você saber que a pessoa estará lá para você quando você precisar, é você precisar que ela tente te ajudar a melhorar a sua vida, pois a sua vida hoje é parte da vida dela, é ela saber que você também fará o mesmo, pois a recíproca é verdadeira. É você entender de uma vez por todas, que pra você se relacionar com alguém, todos os aspectos são importantes, mas a interpessoalidade e integração são extremamente necessárias e devem ser valorizadas.
Portanto, aconselho a quem estiver afim de realmente se relacionar com alguém, busque alguém que seja importante para você do que mais do que dez minutos, que seja realmente interessante, que te traga coisas boas, que te veja com bons olhos, mesmo quando você está triste, quando você está frágil, quando você está chorando, alguém que não te julgue, que veja com bons olhos as suas loucuras, que consiga entender o seu humor, que não se bronqueie quando você não está muito afim de falar, que respeite as suas individualidades e que seja capaz de te entender e te amar por tudo aquilo que você é, os prós e os contras, as coisas boas e as ruins.
Procure alguém que consiga ser capaz de absorver suas críticas como construtivas e não como uma declaração de guerra, que invista em vocês, que queira realmente viver uma relação saudável, que tenha pensamentos como os seus, que tenha objetivos como os seus, que tenha interesses semelhantes aos seus, mas acima de tudo, busque alguém que esteja disposto, busque alguém que ache que vale a pena ir além da beirada da sua alma, que consiga te decifrar de olhos fechados, que saiba quando você quer falar, quando você quer calar e quando você simplesmente quer um afago. Em suma, procure pessoas que se aprofundem em você e que sejam um mergulho interminável para você também. Para que assim, a vida a dois, seja sempre uma aventura.

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