sábado, 27 de maio de 2017

A Solidão Nossa De Cada Dia

A Solidão Nossa De Cada Dia

Cara, o pior tipo de solidão é aquele que você sente quando está cercado de gente. Quando você está se relacionando com várias pessoas, mas ainda assim se sente sozinho, sem se conectar com essas pessoas. Você sente que ninguém consegue te compreender, ninguém é capaz de entender seu jeito de ser, sua forma de pensar. Você percebe que as pessoas te escutam, mas não te entendem, que você explica e ninguém aprende. Parece que a sua vida é uma coisa totalmente distante do convívio humano básico, que as pessoas a sua volta conseguem interagir com os outros de uma forma muito melhor do que você.
Pra mim, a pior coisa é justamente essa, de estar sozinho no meio da multidão, de viver cercado de pessoas que não te conhecem de verdade, de estar ali e ninguém fazendo questão de realmente te conhecer, te compreender, saber quem você é. As pessoas ficam sempre tateando a superfície e não veem o quanto você tem realmente a apresentar. Não querem saber das suas dores, dos seus problemas, dos seus dilemas, da sua vida. Só se preocupam se você é capaz de pagar a próxima rodada, de ir na melhor boate, naquela festa irada ou qualquer coisa do tipo.
Falo isso, pois um dos maiores flagelos da humanidade na atualidade é a solidão. Quando temos a tecnologia como aliada, aproximando cada vez mais as pessoas que estão distantes, ela também acaba afastando muito mais as pessoas que estão por perto. Afinal de contas, qual foi a última vez que você reuniu os amigos apenas para comer petiscos, beber uma cerveja e bater papo na casa de alguém? Ou ainda, quando foi a última vez que você conseguiu ter uma conversa completa com o seu melhor amigo, sem que tenham adiantado o assunto por redes sociais ou afins?
Andamos tão ocupados para tudo e para todos, que é muito mais fácil manter uma relação no mundo virtual do que vivenciar uma amizade ao vivo e a cores. Estamos nos esquecendo do que é sentar com um amigo por horas e conversar, rir, chorar, interagir e viver. Preferimos mandar uma mensagem no WhatsApp, uma postagem no Facebook, um vídeo no Youtube, mas esquecemos que o real está aí.
Abro aqui um parêntese, pois quando estive mal, precisei dos meus amigos, muitos nem se ligaram nisso na época, mas eu apenas perguntava por eles, queria saber por onde andavam, o que estavam fazendo ou ainda convidava para tomar uma cerveja, sentar e papear comigo em algum bar, na beira da praia ou no fundo do meu quintal... Poucos foram os que realmente se mostraram capazes de fazer isso e sou grato a esses, pois, quando eu precisei, tive com quem contar.
Mas é muito complicado, quando você está se sentindo sozinho e o seu telefone não toca, ou então, não chega uma mensagem no seu celular, você não recebe um e-mail, uma visita, você não recebe nada. Você retroalimenta dentro de você ainda mais esse sentimento de se sentir sozinho, de estar só no mundo, de achar que não se encaixa em lugar algum. E as pessoas a sua volta vão vivendo as vidas delas, como se nada daquilo lhes dissesse respeito.
Um sábio disse: “Tu te tornas responsável por tudo aquilo que cativas”. Pois bem, sempre fui uma pessoa que gosta de gente, contudo, sou muito exigente quanto ao tipo de pessoas que eu quero a minha volta, não quero pessoas que só se beneficiem da minha presença, gosto de trocar com as pessoas. Acho que qualquer relação se vale de uma troca entre as pessoas, onde cada um se beneficia da vivência, com as duas pessoas se tornando pessoas melhores depois que passam a conviver.
Ocorre, que hoje, as pessoas andam tão vazias, tão superficiais, que eu ando tendo problemas em fazer amizades. Não consigo me conectar com as pessoas a minha volta, elas se mostram bloqueadas, fechadas a conhecer alguém além do básico. Não se mostram reais, são sempre grandes em tudo o que fazem, perfeitas, cheias de compromissos sérios e tal, enquanto eu, me vejo cada vez mais falho, complexo, imperfeito e cheio de problemas.
Entendo que as pessoas queiram viver as suas vidas virtuais, afinal, o mundo é muito melhor nas redes sociais, as pessoas são mais sorridentes, não têm problemas, não erram, são perfeitas, são muito, mas muito mais felizes. Já eu, mostro meus defeitos, minhas falhas, não me escondo do que falei ou postei, acabo não sendo a pessoa mais fácil de lidar, justamente por eu ter posicionamentos contundentes sobre diversos assuntos.
Isso vem muito da formação acadêmica que resolvi me dedicar. Um professor uma vez falou que o advogado é uma pessoa capaz de conversar por 15 minutos sobre todos os assuntos e sempre ter uma opinião a dar sobre qualquer assunto. Eu acabei sendo bem assim, não gosto muito dessa coisa de em cima do muro ou de fazer média. Não gosto muito dessa coisa de que preciso agradar as pessoas para elas gostarem de mim. Até porque, conheço muitos loucos, que gostam de mim, justamente por eu ser assim, do jeito que eu sou.
Antes que você pense, não sou daquelas pessoas que acham que sinceridade é um substituto para educação. Não, eu sou educado, aprendi que se eu não tenho nada de bom para falar de alguém, melhor eu não falar nada sobre essa pessoa. Quando vejo algo que não me agrada em alguém que eu goste ou que eu conviva, prefiro fechar os meus olhos do que ir discutir. Isso se chama maturidade, não é uma coisa que podemos cobrar de todos, mas enfim, é como eu vivo a minha vida. Percebi que não vale a pena perder um amigo só porque temos opiniões diferentes sobre as coisas da vida.
Porém, vejo que a solidão também pode ser uma pena autoimposta, a gente pode ser imputar um exílio, simplesmente por não conseguir conviver com certas superficialidades. Sou do tipo de amigo que quando gosta de alguém, gosta pra valer, não tem aquela coisa de mudar de opinião depois. Busco os amigos, mesmo quando eles dão provas de que não estão muito a fim de estar comigo.
É bom falar disso, porque em muitos momentos, quando eu estava em depressão, eu não queria estar com os meus amigos, me distanciei e eles aceitaram isso. Eu, já submergido disso, vejo que não posso abandonar qualquer um dos meus amigos que passem por isso. Busco o contato, busco estar perto, mando sinal, pergunto sobre a vida, mas indo além, escuto o que eles têm a dizer, pois muitas vezes, quando a pessoa está com solidão, ela só quer ter o contato, só quer saber que alguém está escutando e dando atenção a ele.
Então, busque seus amigos, mesmo quando eles parecerem que não estão a fim muito de contato ou de estar com você, pode ser nesse momento que ele esteja mais precisando da sua atenção, do seu carinho e do seu apoio. Muitas vezes, estamos cercados de pessoas à nossa volta, mas não temos um amigo sequer. Estamos sentados em bares, com várias pessoas, mas nenhum que seja capaz de nos ouvir realmente, ouvir o que realmente temos para dizer. Falar das nossas angústias, das nossas lamentações, dos nossos defeitos, alguém capaz de amansar nossos pensamentos, mesmo que não nos diga nada.
O mais importante que vejo, é que não podemos deixar as tecnologias nos afastarem de quem queremos bem, não podemos deixar que sejamos reféns de modismos ou coisas assim, temos que demonstrar que nos importamos, temos que ir além das superficialidades, precisamos ir além do básico, ninguém ganha nada sendo um amigo de ocasião ou ainda, deixando os amigos de lado quando eles mais precisam. Ligue pra quem você quer bem, pergunte como ele está, se importe mais com as pessoas, seja mais, o mundo já está cheio de pessoas mais ou menos.
Tire a solidão dos seus amigos, chame-os para tomar um chopp, para comer uma batata frita, para ver um filme comendo pipoca na sala da sua casa, se mostre presente. Muitas vezes um gesto simples pode ser aquilo que fará a diferença na vida de alguém. Não fique apenas sentindo a falta de alguém, busque-o, demonstre que ele é importante para você, que ele faz diferença na sua vida e que ele não está sozinho nesse mundo. Seja a diferença que você quer ver no mundo. E para os meus amigos, eu reafirmo aqui, nenhum de vocês está só, sou seu amigo, quero seu bem e estou aqui para o que der e vier. Podem contar comigo, a vida é muito menos complicada quando temos com quem contar.

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