O Aleatório E O
Imponderável
Estou aqui escrevendo
após o questionamento de uma amiga e leitora sobre o destino. Aquela clássica
dúvida sobre o nosso destino, se ele está traçado desde sempre e nada que
façamos irá alterá-lo ou se a gente consegue mudar o nosso destino mesmo com
cada escolha que fazemos ao longo de nossas vidas. Mas o que será que é
realmente a nossa vida? Uma sucessão de escolhas aleatórias que vão se somando respectivamente
até final das nossas vidas ou uma história imponderável que por mais que
tentemos, nada a altera?
Para mim, o destino é a
soma das duas coisas. Existem situações na vida que se mudam com as nossas
escolhas e outras que independem delas, que são obra do imponderável, que por
mais que você altere os elementos da sua vida, o resultado final será sempre o
mesmo. Então para mim, a vida é um híbrido entre o imponderável e o aleatório.
Daí você pode tirar que
sou uma pessoa cética, porém muito esperançosa. Acredito que posso mudar as
coisas, desde que elas possam ser mudadas. Creio que enquanto houver esperança,
tudo pode ser diferente, mas que existem coisas contra as quais eu não posso
fazer nada.
Eu acredito que desde
quando nascemos, já estamos destinados a morrermos no dia e na hora em que Deus
determinou quando nos enviou para esse mundo. Quanto mais eu vejo histórias
sobre o assunto, mais eu acredito. Afinal de contas, o que justifica uma pessoa
cair de uma altura de 20 andares e não morrer e uma pessoa tropeçar na calçada
bater a cabeça e vir a óbito?! Só mesmo o imponderável, só mesmo o destino.
Nesse momento, por mais
que as pessoas tivessem feito outras escolhas, tivessem optado por outras
ações, ainda assim o destino delas seria o mesmo, ainda assim elas iriam ter o
mesmo final. Só o imponderável para explicar porque um acidente de avião mata
todos os seus passageiros e só uma criança de uns 10 anos sobrevive, ou ainda
porque uma pessoa é atropelada por um trem e não sofre mais do que arranhões. E
aí eu te pergunto, sabe porque isso ocorre? Porque o destino assim o quis!
Da mesma forma, existem
coisas que mudamos em nossas vidas a cada escolha que fazemos. A cada sim ou
não dito, alterasse o rumo da nossa escola. Quem nunca se perguntou como seria
a sua vida se tivesse passado para faculdade A ao invés da B, se tivesse feito
o curso Z ao invés do Y, se tivesse namorado a pessoa K e não a pessoa L?! Pois
é, todas essas nossas escolhas é que nos trouxeram até o presente momento,
todas essas escolhas nos fizeram ser quem somos.
A construção do
indivíduo, a formação de quem somos, como somos e porque somos, isso tudo é
variável. Isso tudo depende de nossas escolhas, da forma como lidamos com ela,
de como o mundo reage as nossas escolhas, da forma como nossas escolhas são
absorvidas pelo nosso destino. Quando você opta em sua vida por namorar com uma
pessoa e não com outra, isso traz consequências. Quando você resolve cursar uma
faculdade e não outra, isso traz consequências. Quando você escolhe trabalhar
em um lugar e não em outro, isso traz consequências.
Tudo isso, faz com que o
seu destino seja alterado, que a sua vida mude. É como bem dizem as teorias
sobre multiversos, cada escolha feita é a ruptura do contínuo-espaço-tempo, que
leva a uma nova linha contínua do espaço-tempo. É como se cada escolha que você
faz em sua vida, te levasse para um caminho, que não tem mais volta, onde você
só poderá seguir em frente e que as opções que você tinha no outro caminho, não
mais serão possíveis, devido às escolhas feitas por você.
Sendo assim, temos uma
fácil aceitação de que podemos mudar as nossas vidas sempre que quisermos, basta
fazermos as escolhas necessárias. Para sermos pessoas bem-sucedidas, precisamos
fazer as escolhas corretas, nos momentos corretos, assim, elas nos levarão para
os melhores caminhos e nesses melhores caminhos teremos mais facilidades para
conseguirmos chegar aos objetivos mais quistos, como um bom emprego, um bom
casamento, uma boa família...
Ocorre, que também existe
o imponderável, casos em que por mais que você fuja de algo, aquilo está
destinado para você. E não falo só de morte, mas podem ser coisas boas também.
Já ouvi várias histórias de pessoas que se conheceram na infância, sempre foram
muito próximas, se afastaram na adolescência e ao se reencontrarem na vida
adulta, acabam se apaixonando, namorando, noivando e casando. E como explicar
isso?! Eles ficaram separados por anos, talvez não por vontade própria, mas
ainda assim ficaram, mas o destino se encarregou de trazê-los para perto um do
outro e juntá-los novamente.
Engraçado, que no fim das
contas, na realidade o que conta é a sua forma de ver o mundo que vai dizer se
você acredita que o imponderável ou se é o aleatório que domina o seu destino.
Se você for uma pessoa fatalista, com certeza você vai acreditar que o
imponderável é quem manda e nada do que você possa fazer irá alterar a sua história.
Se você for uma pessoa casualista, você, com certeza, vai acreditar que o
aleatório é quem manda, e tudo o que você fizer irá alterar a sua história.
De qualquer forma, eu sou
uma pessoa que me julgo não só mais moderada em relação a isso, como também
pragmática. Sendo assim, aprendi que há coisas que podemos mudar em nossas
vidas, que podemos fazer por nós mesmos e que podemos alterar, para que
transformemos o rumo da nossa história, assim como há coisas que não podemos
fazer nada para que elas mudem.
E assim, o meu grande
desafio é saber distinguir cada uma dessas coisas, saber observar bem a minha
vida, para perceber e conseguir mudar aquilo que pode ser mudado e aceitar
aquilo que não posso mudar. E assim, vou seguindo em frente, pedindo a Deus
discernimento para que eu possa aceitar as coisas que eu não posso mudar em
minha vida e força de vontade para mudar todas as outras que eu posso. Sempre
com a certeza de que a minha felicidade, sou eu quem faço.
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