Abrindo Mão
Curioso que quando eu
resolvo falar de maturidade emocional, muita gente torce um pouco o nariz, por
julgar que meu pragmatismo pode ser encarado com uma certa inabilidade para
lidar com os problemas reais de um relacionamento. Ainda mais, muita gente acha
que eu faço essas minhas escolhas, em alguns momentos até um pouco duras
demais, por eu não ter estrutura psicológica para sofrer com um relacionamento,
como a grande maioria das pessoas o fazem.
Contudo, minha vivência é
o que me trouxe até aqui, e foi por tudo o que vivi e que já passei nessa vida,
que eu acabei aprendendo a me relacionar melhor. Foram as minhas escolhas,
minhas experiências, meus pés-na-bunda, meus términos, meus namoros, os
momentos bons e os ruins que me deram casca para poder viver hoje da forma como
eu vivo.
Muita gente acha que é
fraqueza, mas eu vejo, justamente como o contrário. Você conseguir enxergar
além da parte, você enxergar o todo. Você não se deixa mais cegar por um
encantamento ou uma paixão, você sabe que a única coisa que sustentaria um
relacionamento da forma que você gostaria é com o amor. Daí você olha o
envolvimento que está tendo com a pessoa e poder abrir mão disso, pois você
sabe que isso não vai dar em nada. Então, você pega e abre mão do
relacionamento, abre mão da pessoa.
Vocês podem querer dizer
que isso é simples, mas afirmo para vocês, categoricamente, que isso não tem
nada de simples, é complexo demais. Pergunto a vocês: Vocês já tiveram que
abrir mão de alguém, de um relacionamento, mesmo ainda gostando da outra
pessoa? Pois é, isso acontece e é mais comum do que muitos pensam. E dói pra
caramba. Dói muito!
Mas o amadurecimento
emocional te ensina isso, você aprende que se algo não se encaixa de cara, não
vai se encaixar depois, que se algo tem que dar certo, vai dar logo de cara,
que se é amor, você não vai sofrer, que se é para ser feliz, você será feliz
sempre, mesmo ciente de que sempre não é todo dia. E o que eu quero dizer com
isso?
Então, eu aprendi que um
relacionamento só é bom, só vale a pena quando ele te faz mais feliz do que
triste, quando você percebe que é sempre melhor estar com aquela pessoa do que
estar sem ela, quando você vê que os sacrifícios que você faz pela pessoa, na
verdade não são sacrifícios, quando você entende, de uma vez por todas, que a
vida só é boa com aquela pessoa, todavia, se não tiver esses sentimentos, é
porque o seu relacionamento não é forte o suficiente, te levando a conclusão
lógica de abrir mão desse relacionamento.
Sabe aquela coisa de que
quando você ama, o amor tem que ser simples? Então, é bem por aí. Ele tem que
ser simples, tem que ser suave, tem que ser sem sacrifícios, tem que ser leve,
tem que ser direto... Quando você está amando, o sentimento tem que ser
recíproco. A reciprocidade é a chave para um relacionamento maduro. Você
percebe que ama e que é amado de volta.
Eu continuo com a ideia
de que você tem que amar, independentemente de ser amado de volta, mas quando
você resolve que quer um relacionamento, não dá para só um amar, não é mesmo?
Pois bem, quando você ama sozinho, precisa se autopreservar, não pode ficar
insistindo em algo que não tem futuro, que só vai fazer você se machucar ainda
mais.
Agora, o que eu estou
pregando aqui, é que a pessoa tenha que ter consciência dos seus sentimentos e
controle sobre eles, a ponto de conseguir abrir mão de um relacionamento ou de
uma pessoa, pelo simples fato de perceber que aquela relação não será o que ela
esperava. Seja porque a outra pessoa não está na mesma vibe, porque o parceiro
não tem os mesmos objetivos na relação, porque ele está com medo ou
simplesmente porque não é pra ser. Não importa o real motivo, o importante é
você perceber isso.
Então, você pega e abre
mão da relação, podendo ser até porque a outra pessoa não está tão afim de
você. O motivo não importa, o importante é que você percebe que aquela relação
nunca chegará ao ponto que você creria e sendo assim, você abre mão da
convivência com aquela pessoa. E isso não é sinal de fraqueza, muito pelo
contrário, é preciso muita força para fazer isso. Você abrir mão de amor é
doloroso. Mesmo que seja o amor que você sente pela outra pessoa.
Você ter essa maturidade
é um sinal de grandeza e não de covardia como muitos alegam. Você saber abrir
mão de algo que em teoria te faz bem é muito difícil. É preciso muita coragem
para você abrir mão de um sentimento que te faz bem. Você saber que aquele
sentimento te faz bem, mas que não é aquele sentimento que te completa. E por
não te completar, você abre mão, justamente para buscar aquele sentimento que
te completa.
Quando você tem a
maturidade emocional, você consegue agir de forma mais racional, você não age
de forma impulsiva e desta forma, você consegue analisar a coisa de uma forma
dita fria. Mas não é frieza, é racionalidade, é você se apegar ao cenário completo,
é ver o todo e não a parte. Assim, você pode ver que embora alguém te faça bem,
seja perfeita para você, se ela não está sendo recíproca com você, não adianta,
nada vai mudar isso, a não ser que ela queira. Então, o melhor a fazer é abrir
mão.
Posso falar isso de
cadeira, pois já abri mão de várias pessoas, de vários relacionamentos e rolos
em minha vida, só por perceber que não era tudo aquilo que eu desejava e que
aquela relação não me completaria como eu gostaria. E começo o ano fazendo
exatamente a mesma coisa, abrindo mão de uma relação que nunca vai chegar a ser
o que eu gostaria e que me faria mais mal do que bem, com o tempo, insistir
nela.
Então, hoje estou aqui,
abrindo mão de um amor. Abrindo mão de alguém que eu sei que tem tudo para me
fazer bem e feliz, que me ama, mas que no fim das contas, não quer ser tudo o
que eu quero que ela seja para mim. Logo, abro mão! Quando um não quer, dois
não brigam. Desta feita, só me resta deixar ir quem não quer ser feliz ao meu
lado e querer ao meu lado quem quer estar comigo. Ou seja: nesse coração, temos
vagas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário