Mais Um Anjo Pro
Céu
E mais uma vez a cidade
do Rio de Janeiro se mostra jogada aos facínoras, vilãos, marginais e bandidos.
Infelizmente, perdemos mais um. Infelizmente já foi mais um servo de Deus que
foi para perto dele. Mais um foi chamado para estar perto do Pai, mostrando que
nossa cidade está largada, que não há um governante pensando no povo ou
qualquer pessoa que nos traga a sensação de segurança ou bem-estar.
Foi-se o Lucas. Perdemos
o Luquinhas, um menino doce, com um sorriso no rosto, com uma atitude positiva,
que sempre estava disposto a ajudar durante os Encontros de Jovens com Cristo
da Paróquia Nossa Senhora da Paz. Um jovem, recém-saído da adolescência, que
tinha sonhos, anseios e esperanças, que lhe foram arrancadas com um tiro no
peito, proferido por um assassino, mas que na verdade está sendo dado por toda
a sociedade carioca, pois esta não está mais conseguindo se indignar com esses
acontecimentos.
Por quanto tempo vamos
ter que continuar contabilizando mortes estúpidas? Por quanto tempo teremos que
enterrar jovens de bem, pais de família, trabalhadores, cidadãos de uma cidade
que se mostra sem comando, sem lei e sem justiça? Por quanto tempo teremos que
assistir a pais, familiares e amigos chorando suas perdas? Por quanto tempo
mais vamos viver essa guerra e não vamos fazer nada? Por quanto tempo ainda
vamos tolerar isso tudo, calados?
Já disse o famoso
Gabriel, o Pensador: “Até quando você vai levando porrada? Até quando vai ficar
sem fazer nada? Até quando você vai levando porrada? Até quando vai ser saco de
pancada?”. Pois é, até quando? Até quando vamos tolerar a perda de vidas
inocentes? Até quando vamos deixar que a morte de milhares seja apenas
estatística? Até quando vamos nos permitir que vidas se esvaiam? Até quando?
Nossos governantes não se
importam com a tunga que fizeram em nosso estado e nossa cidade. Estão
preocupados em conseguir se manterem no poder e salvar seus pescoços das garras
da justiça. Não estão ligando para o sucateamento da vida em nossa cidade, para
a desvalorização do nosso povo, para a desapropriação de valores antes tão bem
defendidos em nossa cidade, dita maravilhosa.
A banalização da barbárie
em nossa cidade está tão grande, que ninguém mais protesta por falta de insumos
básicos nos hospitais, por conta da falta de professores nas escolas públicas
ou por conta da ausência de forças policiais em nossas ruas. Médicos,
professores e policiais, são só alguns dos funcionários públicos que estão
abandonados pelas ditas autoridades em nosso estado e cidade.
A sabotagem ao nosso
sistema de segurança é tão grande, que tivemos mais de uma centena de policiais
assassinados em 2017 e 2018 já começa com a possibilidade de repetirmos tal
estatística. Tal quadro só agrava ainda mais o caos em nossa cidade, que está largada
na mão de quem quiser e bem entende. Qualquer um que quiser se aventurar a
fazer um ganho em nossas ruas está mais bem preparado que nossas forças de
repressão ao crime.
Aceitamos tudo isso de
braços cruzados, entendemos, por muito tempo, que não nos dizia respeito se
alguém era morto em comunidades carentes e zonas de risco. Supomos que se
alguém tinha que morrer, que fossem essas pessoas que se expunham, que essas
vidas valiam menos. Ocorre que, enquanto não pedimos uma reação verdadeira e
producente das autoridades, o crime foi se apossando de nossas ruas, foi
tomando o lugar que era do povo.
Hoje a sensação de
insegurança é geral. Ninguém sabe se ao sair de casa conseguirá voltar, ninguém
mais tem certeza de que ao abrir os olhos ao acordar, irá poder fechá-los ao ir
deitar em sua cama. Tudo isso diante de um caos enorme, mostrando a nossa total
falta de apreço pela vida, aceitando que cada vez mais vidas sejam ceifadas e
que nenhuma atitude é de fato tomada por quem precisaria arcar com isso.
Porém, todos nós somos
responsáveis pelas vidas. Todo ser humano conta, mesmo que ele não seja lá um
grande exemplo de ser humano, ainda assim, não sou eu quem deve julgá-lo. Como
católico, tendo a crer que a vida é o bem mais precioso e que devemos
valorizá-la. Mas tenho ainda a certeza de que estamos de passagem por esse
mundo, mesmo que, embora, eu saiba que devemos também sermos felizes aqui, o
nosso compromisso maior é com a missão de evangelizar.
Ao participar com o Lucas
do EJC, aprendi muito sobre isso. Temos que amar ao próximo, espalhar o amor,
buscar evangelizar pelo exemplo, mostrar que o amor do Cristo vive em nós.
Algumas pessoas, tendem a demonstrar mais esse amor, a espalhar ele de uma
forma tão intensa e tão verdadeira, que Deus os escolhe para irem mais cedo
para o seu lado.
Sei que não temos como saber
a vontade de Deus, sei que não dá para ser racional quando as emoções afloram
ao sabermos que um jovem de 21 anos não está mais nesse plano, sei que não
temos certeza de nada, sei que não temos uma garantia de vida, sei que todos esperamos
viver por mais tempo possível, sei que não é natural os pais enterrarem os
filhos, sei que não é aceitável uma sociedade tolerar tantas mortes de jovens,
sei de tudo isso. E lamentavelmente, sei que a vida é passageira!
Então, que sigamos o
exemplo do Luquinhas, que possamos sempre estar com um sorriso no rosto, que
sejamos prestativos, que sejamos amorosos, que busquemos fazer o bem, que
busquemos espalhar o amor, que busquemos evangelizar pelo exemplo, que possamos
servir de catalizadores da alegria, que possamos fazer o bem, sem olhar a quem,
que possamos aproveitar ao máximo cada segundo que passamos aqui nessa vida
passageira, afinal, ninguém sabe o dia de amanhã. E o futuro, só a Deus
pertence.
Vá com Deus, Lucas! Vá viver
ao lado do Pai, vá continuar do outro lado o seu caminho, continue nos
brindando com seu largo sorriso, com seu abraço acolhedor, sua forma de
demonstrar amor ao próximo, sua forma de encarar a vida com um sorriso no rosto
e esperança... Tenho a certeza de que o plano terreno é só uma fase para nós
que buscamos a vida eterna. Sei que ele foi chamado para o lado do Pai, e junto
com o Pai, agora você também zelará por nós, jovens da Paz!
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