quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Mais Um Anjo Pro Céu

Mais Um Anjo Pro Céu

E mais uma vez a cidade do Rio de Janeiro se mostra jogada aos facínoras, vilãos, marginais e bandidos. Infelizmente, perdemos mais um. Infelizmente já foi mais um servo de Deus que foi para perto dele. Mais um foi chamado para estar perto do Pai, mostrando que nossa cidade está largada, que não há um governante pensando no povo ou qualquer pessoa que nos traga a sensação de segurança ou bem-estar.
Foi-se o Lucas. Perdemos o Luquinhas, um menino doce, com um sorriso no rosto, com uma atitude positiva, que sempre estava disposto a ajudar durante os Encontros de Jovens com Cristo da Paróquia Nossa Senhora da Paz. Um jovem, recém-saído da adolescência, que tinha sonhos, anseios e esperanças, que lhe foram arrancadas com um tiro no peito, proferido por um assassino, mas que na verdade está sendo dado por toda a sociedade carioca, pois esta não está mais conseguindo se indignar com esses acontecimentos.
Por quanto tempo vamos ter que continuar contabilizando mortes estúpidas? Por quanto tempo teremos que enterrar jovens de bem, pais de família, trabalhadores, cidadãos de uma cidade que se mostra sem comando, sem lei e sem justiça? Por quanto tempo teremos que assistir a pais, familiares e amigos chorando suas perdas? Por quanto tempo mais vamos viver essa guerra e não vamos fazer nada? Por quanto tempo ainda vamos tolerar isso tudo, calados?
Já disse o famoso Gabriel, o Pensador: “Até quando você vai levando porrada? Até quando vai ficar sem fazer nada? Até quando você vai levando porrada? Até quando vai ser saco de pancada?”. Pois é, até quando? Até quando vamos tolerar a perda de vidas inocentes? Até quando vamos deixar que a morte de milhares seja apenas estatística? Até quando vamos nos permitir que vidas se esvaiam? Até quando?
Nossos governantes não se importam com a tunga que fizeram em nosso estado e nossa cidade. Estão preocupados em conseguir se manterem no poder e salvar seus pescoços das garras da justiça. Não estão ligando para o sucateamento da vida em nossa cidade, para a desvalorização do nosso povo, para a desapropriação de valores antes tão bem defendidos em nossa cidade, dita maravilhosa.
A banalização da barbárie em nossa cidade está tão grande, que ninguém mais protesta por falta de insumos básicos nos hospitais, por conta da falta de professores nas escolas públicas ou por conta da ausência de forças policiais em nossas ruas. Médicos, professores e policiais, são só alguns dos funcionários públicos que estão abandonados pelas ditas autoridades em nosso estado e cidade.
A sabotagem ao nosso sistema de segurança é tão grande, que tivemos mais de uma centena de policiais assassinados em 2017 e 2018 já começa com a possibilidade de repetirmos tal estatística. Tal quadro só agrava ainda mais o caos em nossa cidade, que está largada na mão de quem quiser e bem entende. Qualquer um que quiser se aventurar a fazer um ganho em nossas ruas está mais bem preparado que nossas forças de repressão ao crime.
Aceitamos tudo isso de braços cruzados, entendemos, por muito tempo, que não nos dizia respeito se alguém era morto em comunidades carentes e zonas de risco. Supomos que se alguém tinha que morrer, que fossem essas pessoas que se expunham, que essas vidas valiam menos. Ocorre que, enquanto não pedimos uma reação verdadeira e producente das autoridades, o crime foi se apossando de nossas ruas, foi tomando o lugar que era do povo.
Hoje a sensação de insegurança é geral. Ninguém sabe se ao sair de casa conseguirá voltar, ninguém mais tem certeza de que ao abrir os olhos ao acordar, irá poder fechá-los ao ir deitar em sua cama. Tudo isso diante de um caos enorme, mostrando a nossa total falta de apreço pela vida, aceitando que cada vez mais vidas sejam ceifadas e que nenhuma atitude é de fato tomada por quem precisaria arcar com isso.
Porém, todos nós somos responsáveis pelas vidas. Todo ser humano conta, mesmo que ele não seja lá um grande exemplo de ser humano, ainda assim, não sou eu quem deve julgá-lo. Como católico, tendo a crer que a vida é o bem mais precioso e que devemos valorizá-la. Mas tenho ainda a certeza de que estamos de passagem por esse mundo, mesmo que, embora, eu saiba que devemos também sermos felizes aqui, o nosso compromisso maior é com a missão de evangelizar.
Ao participar com o Lucas do EJC, aprendi muito sobre isso. Temos que amar ao próximo, espalhar o amor, buscar evangelizar pelo exemplo, mostrar que o amor do Cristo vive em nós. Algumas pessoas, tendem a demonstrar mais esse amor, a espalhar ele de uma forma tão intensa e tão verdadeira, que Deus os escolhe para irem mais cedo para o seu lado.
Sei que não temos como saber a vontade de Deus, sei que não dá para ser racional quando as emoções afloram ao sabermos que um jovem de 21 anos não está mais nesse plano, sei que não temos certeza de nada, sei que não temos uma garantia de vida, sei que todos esperamos viver por mais tempo possível, sei que não é natural os pais enterrarem os filhos, sei que não é aceitável uma sociedade tolerar tantas mortes de jovens, sei de tudo isso. E lamentavelmente, sei que a vida é passageira!
Então, que sigamos o exemplo do Luquinhas, que possamos sempre estar com um sorriso no rosto, que sejamos prestativos, que sejamos amorosos, que busquemos fazer o bem, que busquemos espalhar o amor, que busquemos evangelizar pelo exemplo, que possamos servir de catalizadores da alegria, que possamos fazer o bem, sem olhar a quem, que possamos aproveitar ao máximo cada segundo que passamos aqui nessa vida passageira, afinal, ninguém sabe o dia de amanhã. E o futuro, só a Deus pertence.
Vá com Deus, Lucas! Vá viver ao lado do Pai, vá continuar do outro lado o seu caminho, continue nos brindando com seu largo sorriso, com seu abraço acolhedor, sua forma de demonstrar amor ao próximo, sua forma de encarar a vida com um sorriso no rosto e esperança... Tenho a certeza de que o plano terreno é só uma fase para nós que buscamos a vida eterna. Sei que ele foi chamado para o lado do Pai, e junto com o Pai, agora você também zelará por nós, jovens da Paz!

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