quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Juízo Final

Juízo Final

Eu injetei a morte em mim
O seu doce veneno me inebria
Me matando pouco a pouco
Por dentro, um pedaço a cada dia

Vou perdendo a minha vida
A cada notícia dantesca que não me entristece
A cada criança que me pede esmola
Em cada pulsar o meu coração enrijece

O mal se apropria da minha alma
A podridão em mim é maior que a de um lixão
E vou me perdendo de mim mesmo
Fazendo da minha vida a minha perdição

O meu prazer já não é mais aprazível
Finjo felicidade para enganar os incautos
Entorpeço minha mente com textos patéticos
Fingindo que a morte não lançou seus arautos

O pouco de humanidade que me resta é triste
O pouco de tristeza que me resta me cala
O pouco do meu calar que resta me cinge dor
O pouco da dor que me resta me entala

E vou assim, morrendo pouco a pouco
Com cada bala perdida que mata um igual
Em cada maldade praticada por outrem
Com a certeza do que me espera no Juízo Final

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