quinta-feira, 20 de abril de 2017

Um Ano Se Passou E...

Um Ano Se Passou E...

Um ano se passou! Um ano do início do processo de impeachment da presidente Dilma e ainda continuamos na mesma situação, quer dizer, eu considero o atual momento ainda pior, pois além de não termos um governo legalmente eleito, com a força das urnas, temos usurpadores no poder, que estão usando de medidas impopulares, que dão certo para os interesses deles e que para piorar, ainda são tão corruptos quanto os antigos membros do governo, quiçá até mais.
Mas vamos deixar claro, não houve golpe! Não foi golpe, única e exclusivamente por não ser algo abrupto e sem precedente legal, mas houve um acordo, houve um esquema para a retirada da presidente. Eduardo Cunha já deu com a língua nos dentes, ao se ver abandonado pelos seus partidários que ele ajudou a por no poder. O mesmo só deu seguimento aos tantos processos de impeachment contra a Dilma por esta não ter feito o seu partido salvar o mandato dele, que estava mais sujo do que pau de galinheiro.
Não ache que eu estou aqui defendendo a Dilma, não, meu amigo, não estou. Votei nela, achava que a ideia dela de país era melhor do que a do outro candidato, que hoje, sabemos, pelas delações e investigações que também fazia parte do esquema de corrupção que tomou conta do nosso país. Votei nela e votaria de novo, se a disputa se configurasse da mesma forma. Ocorre, que quando o PMDB, partido do nosso atual presidente, senhor Michel Temer, deixou o governo, ali foi assinado o termo de fim do governo de Dilma Roussef, qualquer outra coisa que se fizesse nesse país, era mera formalidade.
PMDB e PT formavam a maior bancada do congresso, sendo, durante o governo Lula, a base para o controle do país por parte deste. Ocorre que, Lula é uma representação mais forte, contava com a simpatia do povo, além do medo de seus adversários de transformá-lo num mártir em caso de qualquer problema com programas sociais e afins, caso o mesmo fosse deposto, impeachmado ou algo assim.
Dilma já não contava nem com essa representatividade forte, muito menos com a simpatia do povo e o medo de ser transformada em mártir. Os caciques do PMDB sempre foram pessoas que olhavam os seus interesses pessoais, haja visto, que desde a redemocratização do país o partido foi peça importante do governo, conseguindo a proeza de, em muitos governos, conseguir ser oposição e situação ao mesmo tempo. Essa questão é tão intrínseca do partido, que agora, mesmo sendo o partido quem manda no país, continua sendo oposição e situação, com uma disputa de egos pelos seus líderes.
Mas voltando a Dilma, o problema maior dela foi não saber reconhecer a derrota, reconhecer o problema em que estava e saber sair da melhor forma possível. Dilma sangrou, sofreu, apanhou e levou uma fama indevida, afinal, o país não estava parado econômica, social, moral e politicamente por conta dela, o país parou porque o congresso resolveu que a presidente Dilma não deveria mais ser a presidente. Uma coisa simples!
Apesar do meu voto, acho que Dilma tinha que ter entregado os pontos, tinha que ter renunciado, pelo bem do país. Feito como Vargas e “levado o tiro” que lhe cabia, tinha que ter aberto mão do cargo, mas caído atirando, mostrando que o PMDB tinha interesses em se locupletar do poder, visando as reformas que ajudaria a maior parte dos seus caciques, a Trabalhista e a Previdenciária.
Aí você vai me perguntar: Mas Victor, porque você tá falando isso? Bem, vamos a uma análise simples, os caciques do PMDB em sua maioria são empresários, brancos, ricos e estudados, não dependem de direitos sociais, como seguro desemprego, INSS, FGTS, direitos trabalhistas... Eles vivem de esquemas, tal qual o que os levou ao poder, assim como os esquemas da Odebrecht, que fizeram muitos desses políticos deixarem de ser proletariados e passarem a ser donos de impérios, de empresas e fortunas que já nem se consegue calcular.
Esquemas esses que estão escancarados nas páginas de jornais, nas tvs e chegará até aos cinemas. Só que enquanto alguns já conseguem perceber que no caso era se correr o bicho pega e se ficar o bicho come, ainda temos alguns que batem palmas (ou seriam panelas?) para toda essa situação. Além disso, temos que esses senhores que se apossaram do poder são todos envolvidos com aquele esquema todo que tantos e tantos que foram massa de manobra, foram as ruas para desejar a retirada de um partido, de uma pessoa, quando o certo é mudar tudo.
Agora eu entendo o que muitos falam sobre ser tudo isso que está aí, embora muitos agora se envergonhem, e tenham apagado as suas fotos nas redes sociais nas passeatas, quando muitos tiraram selfies com Aécios, Cunhas, Temers, Serras e afins. Mas agora eu sei que eu tinha mais razão ainda em cobrar não nomes, mas uma solução.
Hoje estamos aí, sem nomes, sem soluções, sem uma reforma política, afinal, a que esses senhores do poder nos propõem é para mantê-los no poder, se não os poucos que conseguirem escapar dos processos judiciais, ao menos os seus filhos, netos e bisnetos. O curioso de tudo isso, é saber que não há certo ou errado no nosso sistema político, há o problema. O problema é o todo, todo o sistema político está corrompido.
Marcelo e Emílio Odebrecht falaram, eles pagaram tanto pra situação quanto pra oposição, pagaram para grandes e pequenos, pagaram por votos, por medidas provisórias e por sabe-se lá mais o que. O nosso sistema político faliu e está levando junto com ele todos os poderes, só ver que os Tribunais de Conta, tanto quanto as assembleias legislativas, quanto o judiciário, mesmo tendo provas dos descalabros e dos desvios, pouco fizeram.
Na farra das empreiteiras só quem não levou foi quem não estava por dentro. E aí eu me pergunto: Você realmente acha que só tinha esquema na construção civil? O estado do Rio de Janeiro é, hoje, o maior exemplo dessa coisa dos esquemas. Toda e qualquer autoridade no Rio de Janeiro leva algo nesses esquemas, desde os eleitos, aos concursados e os empossados, geral ganha, é uma característica do estado. E muitos ainda se perguntam porque que o estado está nessa situação financeira calamitosa.
O pior de tudo é você ver que essa crise tem origem na crise ética da população brasileira e mais especificamente na carioca, por conta dos problemas do nosso estado. Pessoas admitem abertamente que fariam igual se tivessem a chance, as pessoas não ficam indignadas porque houve roubo, mas sim porque elas não foram beneficiadas com os roubos.
Sendo assim, passou-se um ano e nada mudou, o povo continua sendo governado por corruptos, continuamos tendo esquemas de corrupção, continuamos depositando nossas esperanças em pessoas (ou personagens), continuamos achando que o problema vai se resolver pela mão dos políticos, continuamos sendo feitos de trouxas e o pior disso tudo é que não mudamos nada. Como disse bem o Leo Jaime: Ou, ou, ou, ou... Nada mudou!
Está na hora do povo assumir o seu real poder, ir pras ruas, tomar o congresso, tomar os tribunais, mas acima de tudo, está na hora do povo brasileiro parar de querer dar o jeitinho, parar de querer se dar bem a qualquer custo, parar de querer ganhar por nada, parar de achar que o problema são os outros. O problema somos nós, o problema é que não temos consciência, a gente lava as mãos, a gente não se indigna mais com nada, a gente já tá achando tudo normal e só reclama porque não levou o nosso também, mas para as coisas mudarem, primeiro, precisamos mudar o paradigma, não podemos mais pensar só em nós mesmos, pensemos no coletivo, pensemos no próximo, admitamos que é melhor ter menos para que todos tenham algo, do que a gente ter cada vez mais e outros cada vez menos. Se não pensarmos assim, passará mais um ano e continuará tudo igual.

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