Um
Ano Se Passou E...
Um ano se passou! Um ano
do início do processo de impeachment da presidente Dilma e ainda continuamos na
mesma situação, quer dizer, eu considero o atual momento ainda pior, pois além
de não termos um governo legalmente eleito, com a força das urnas, temos
usurpadores no poder, que estão usando de medidas impopulares, que dão certo
para os interesses deles e que para piorar, ainda são tão corruptos quanto os
antigos membros do governo, quiçá até mais.
Mas vamos deixar claro,
não houve golpe! Não foi golpe, única e exclusivamente por não ser algo abrupto
e sem precedente legal, mas houve um acordo, houve um esquema para a retirada
da presidente. Eduardo Cunha já deu com a língua nos dentes, ao se ver
abandonado pelos seus partidários que ele ajudou a por no poder. O mesmo só deu
seguimento aos tantos processos de impeachment contra a Dilma por esta não ter
feito o seu partido salvar o mandato dele, que estava mais sujo do que pau de
galinheiro.
Não ache que eu estou
aqui defendendo a Dilma, não, meu amigo, não estou. Votei nela, achava que a
ideia dela de país era melhor do que a do outro candidato, que hoje, sabemos,
pelas delações e investigações que também fazia parte do esquema de corrupção
que tomou conta do nosso país. Votei nela e votaria de novo, se a disputa se
configurasse da mesma forma. Ocorre, que quando o PMDB, partido do nosso atual
presidente, senhor Michel Temer, deixou o governo, ali foi assinado o termo de
fim do governo de Dilma Roussef, qualquer outra coisa que se fizesse nesse
país, era mera formalidade.
PMDB e PT formavam a
maior bancada do congresso, sendo, durante o governo Lula, a base para o
controle do país por parte deste. Ocorre que, Lula é uma representação mais
forte, contava com a simpatia do povo, além do medo de seus adversários de
transformá-lo num mártir em caso de qualquer problema com programas sociais e
afins, caso o mesmo fosse deposto, impeachmado ou algo assim.
Dilma já não contava nem
com essa representatividade forte, muito menos com a simpatia do povo e o medo
de ser transformada em mártir. Os caciques do PMDB sempre foram pessoas que
olhavam os seus interesses pessoais, haja visto, que desde a redemocratização
do país o partido foi peça importante do governo, conseguindo a proeza de, em
muitos governos, conseguir ser oposição e situação ao mesmo tempo. Essa questão
é tão intrínseca do partido, que agora, mesmo sendo o partido quem manda no
país, continua sendo oposição e situação, com uma disputa de egos pelos seus
líderes.
Mas voltando a Dilma, o
problema maior dela foi não saber reconhecer a derrota, reconhecer o problema
em que estava e saber sair da melhor forma possível. Dilma sangrou, sofreu,
apanhou e levou uma fama indevida, afinal, o país não estava parado econômica,
social, moral e politicamente por conta dela, o país parou porque o congresso
resolveu que a presidente Dilma não deveria mais ser a presidente. Uma coisa
simples!
Apesar do meu voto, acho
que Dilma tinha que ter entregado os pontos, tinha que ter renunciado, pelo bem
do país. Feito como Vargas e “levado o tiro” que lhe cabia, tinha que ter
aberto mão do cargo, mas caído atirando, mostrando que o PMDB tinha interesses
em se locupletar do poder, visando as reformas que ajudaria a maior parte dos
seus caciques, a Trabalhista e a Previdenciária.
Aí você vai me perguntar:
Mas Victor, porque você tá falando isso? Bem, vamos a uma análise simples, os
caciques do PMDB em sua maioria são empresários, brancos, ricos e estudados,
não dependem de direitos sociais, como seguro desemprego, INSS, FGTS, direitos
trabalhistas... Eles vivem de esquemas, tal qual o que os levou ao poder, assim
como os esquemas da Odebrecht, que fizeram muitos desses políticos deixarem de
ser proletariados e passarem a ser donos de impérios, de empresas e fortunas
que já nem se consegue calcular.
Esquemas esses que estão
escancarados nas páginas de jornais, nas tvs e chegará até aos cinemas. Só que
enquanto alguns já conseguem perceber que no caso era se correr o bicho pega e
se ficar o bicho come, ainda temos alguns que batem palmas (ou seriam panelas?)
para toda essa situação. Além disso, temos que esses senhores que se apossaram
do poder são todos envolvidos com aquele esquema todo que tantos e tantos que
foram massa de manobra, foram as ruas para desejar a retirada de um partido, de
uma pessoa, quando o certo é mudar tudo.
Agora eu entendo o que
muitos falam sobre ser tudo isso que está aí, embora muitos agora se envergonhem,
e tenham apagado as suas fotos nas redes sociais nas passeatas, quando muitos
tiraram selfies com Aécios, Cunhas, Temers, Serras e afins. Mas agora eu sei
que eu tinha mais razão ainda em cobrar não nomes, mas uma solução.
Hoje estamos aí, sem
nomes, sem soluções, sem uma reforma política, afinal, a que esses senhores do
poder nos propõem é para mantê-los no poder, se não os poucos que conseguirem
escapar dos processos judiciais, ao menos os seus filhos, netos e bisnetos. O
curioso de tudo isso, é saber que não há certo ou errado no nosso sistema
político, há o problema. O problema é o todo, todo o sistema político está
corrompido.
Marcelo e Emílio
Odebrecht falaram, eles pagaram tanto pra situação quanto pra oposição, pagaram
para grandes e pequenos, pagaram por votos, por medidas provisórias e por
sabe-se lá mais o que. O nosso sistema político faliu e está levando junto com
ele todos os poderes, só ver que os Tribunais de Conta, tanto quanto as assembleias
legislativas, quanto o judiciário, mesmo tendo provas dos descalabros e dos
desvios, pouco fizeram.
Na farra das empreiteiras
só quem não levou foi quem não estava por dentro. E aí eu me pergunto: Você
realmente acha que só tinha esquema na construção civil? O estado do Rio de
Janeiro é, hoje, o maior exemplo dessa coisa dos esquemas. Toda e qualquer
autoridade no Rio de Janeiro leva algo nesses esquemas, desde os eleitos, aos
concursados e os empossados, geral ganha, é uma característica do estado. E
muitos ainda se perguntam porque que o estado está nessa situação financeira
calamitosa.
O pior de tudo é você ver
que essa crise tem origem na crise ética da população brasileira e mais
especificamente na carioca, por conta dos problemas do nosso estado. Pessoas
admitem abertamente que fariam igual se tivessem a chance, as pessoas não ficam
indignadas porque houve roubo, mas sim porque elas não foram beneficiadas com
os roubos.
Sendo assim, passou-se um
ano e nada mudou, o povo continua sendo governado por corruptos, continuamos
tendo esquemas de corrupção, continuamos depositando nossas esperanças em
pessoas (ou personagens), continuamos achando que o problema vai se resolver
pela mão dos políticos, continuamos sendo feitos de trouxas e o pior disso tudo
é que não mudamos nada. Como disse bem o Leo Jaime: Ou, ou, ou, ou... Nada
mudou!
Está na hora do povo
assumir o seu real poder, ir pras ruas, tomar o congresso, tomar os tribunais,
mas acima de tudo, está na hora do povo brasileiro parar de querer dar o
jeitinho, parar de querer se dar bem a qualquer custo, parar de querer ganhar
por nada, parar de achar que o problema são os outros. O problema somos nós, o
problema é que não temos consciência, a gente lava as mãos, a gente não se
indigna mais com nada, a gente já tá achando tudo normal e só reclama porque
não levou o nosso também, mas para as coisas mudarem, primeiro, precisamos
mudar o paradigma, não podemos mais pensar só em nós mesmos, pensemos no
coletivo, pensemos no próximo, admitamos que é melhor ter menos para que todos
tenham algo, do que a gente ter cada vez mais e outros cada vez menos. Se não
pensarmos assim, passará mais um ano e continuará tudo igual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário