terça-feira, 4 de abril de 2017

Qual O Nome da Sua Saudade?

Qual O Nome da Sua Saudade?

Engraçado como as pessoas logo associam uma frase como essa exatamente a uma pessoa, né? Como que você falar de saudade acaba sendo sempre vinculado a uma pessoa, de preferência a um amor, correspondido ou não, vivido ou não, mas que na maioria dos casos, deixa uma marca, deixa uma ferida aberta, é algo que não cicatriza, não se fecha e aí, por isso, você fica meio rancoroso com esse sentimento, fica sentindo algo que para muitos você não deveria de sentir.
Eu sempre vinculo a saudade a nostalgia, são sentimentos geralmente de passado, de algo que você já vivenciou e que, por força do tempo, na época a gente não valorizava tanto e hoje a gente sente que poderia ser muito, mas muito bom para nós. Daí, surge um sentimento nostálgico, algo que nos enche de sentimentos bons e aí ficamos bem com isso.
A saudade pode ser boa ou ruim para nós. Saudade boa, geralmente, é aquela que sentimos por algo e nos bota um sorriso no rosto, que nos alegra o coração, que nos alegra, que nos faz nos sentir bem com o sentimento, que dá uma sensação boa e tal. Saudade ruim, é aquela que você acha errado sentir, quando você sabe que nada e nem ninguém vai mudar aquele sentimento, quando algo nunca mais vai voltar, que te bota tristeza no olhar, lágrimas nos olhos e aperto no coração.
Mas como eu disse, saudade nem sempre se trata de uma pessoa específica, você pode ter saudade de uma época, de um lugar, de um ano, de uma estação, de uma forma de viver a vida, de um período de tempo, de uma situação e ainda assim, a saudade vai ter nome e sobrenome. Pode se chamar sétima série no Colégio Militar, quinta série no Colégio Hélio Alonso, viagem para o Hotel Fazenda Serra do Sambê, show do acústico dos Titãs, infância no condomínio Porto Bonança, primeiro EAC da Imaculada, época do futebol toda quarta-feira de tarde na pracinha do À Mineira...
O que quero dizer, é que nem toda saudade tem um nome próprio, embora muitas pessoas associem a saudade única exclusivamente a pessoas. Claro que eu também faço isso em muitos casos, tenho saudades de amigos, de conhecidos, de parentes, muitos ainda vivos e que eu, por conta das nossas vidas corridas, não posso ter na minha vida pelo tempo e da forma que eu gostaria, mas algo acalantador é que eu ainda posso pegar, meter o louco e tirar um dia e encontrar essas pessoas. O problema é quando a saudade é daqueles que já se foram.
Uma das saudades que mais me doem é a do meu tio e padrinho. Ele se foi já fazem quase oito anos, mas a sua presença é tão constante em minha vida, que ainda assim, depois desse tempo, a saudade dele ainda me dói. Por um lado, é dor, por saber que nem tão cedo vou me encontrar com ele, mas por outro lado é alegria, por poder ter vivido tanto tempo com ele, tanto tempo com a sua companhia e o seu exemplo.
Mas é claro que eu sinto falta também de outras pessoas, de outros momentos, de outros lugares... Eu sou poeta/escritor, então, sinto falta até de coisas que eu não vivi. Porém, umas das coisas que mais eu sinto falta é da pessoa que eu nunca fui. Sim, da pessoa que eu nunca fui, você não leu errado não.
Todos nós temos uma pessoa que sempre imaginamos que seríamos, que sempre batalhamos para ser, mas que a gente sabe que é impossível realizar todos os nossos sonhos e suprir todas as nossas expectativas. Então, acaba que você, mesmo que chegue bem perto de ser quem você achava que seria, você nunca vai ser a pessoa que você imaginava ser.
Eu sinto saudade dessa pessoa, pois estou num momento em que a minha vida está caminhando bem, estou bem em todos os aspectos da minha vida, mas não sou a pessoa que eu pensava que iria ser. Mas um único aspecto da minha vida eu mudaria hoje em relação ao que sou e ao cara que eu gostaria de ser, eu voltaria a correr atrás dos meus amigos.
Sim, confesso que negligenciei amizades, negligenciei a minha presença para algumas pessoas, deixei, simplesmente, de me importar tanto, de querer estar tão perto, de querer ficar tão próximo, afinal, acho que a amizade é uma via de mão dupla, contudo, a vida afasta a gente de pessoas e a gente nem se dá conta, quando vê, é cada um pro seu lado e que assim seja.
Assumo aqui, que quem eu seria hoje, viveria cercado de amigos, alguns amigos eu sei que nem vão ler esse texto por nem se importarem com as palavras que eu tenho a dizer, outros, simplesmente por não me considerarem mais seus amigos, outros ainda, por me considerarem a pior pessoa do mundo, então, sei que não lerão isso, o que eu lamento.
Mas se posso fazer meu mea-culpa, eu faço aqui, assim, de forma clara e direta. Lamento muito ter deixado de lado muitas amizades, pessoas que saíram da minha vida sem deixar vestígio, simplesmente por conta de questões pequenas, umas por fofoca, outras por conta do tempo em si, outras por não entenderem o meu jeito de ser, outras por não concordarem com meus pensamentos e ideologias, outras, somente por não gostarem do que eu me tornei...
De qualquer forma, cada uma dessas pessoas é o nome da minha saudade, cada uma dessas pessoas que eu realmente considero, tenho amor, carinho, sentimentos bons, que por de alguma forma meio maluca, ainda fazem parte dos meus pensamentos bons, das minhas orações, dos meus sonhos, do meu imaginário. Bem, são pessoas que hoje estão distantes, fisicamente, mas que no meu coração, ainda estão lá. São amigos, conhecidos, colegas, exs, parentes... São pessoas que me fizeram achar que quem eu seria hoje, seria muito mais, pois de alguma forma, essas pessoas estariam aqui, a minha volta, mas que se foram e não sei como fazer para trazer de volta.
Por isso, que hoje, em muitos casos, minha saudade tem nome, sobrenome, endereço, telefone, CPF, conta nas redes sociais, estão em alguns casos a um clique de mim ou a uma ligação, mas por eu não ser o cara que eu gostaria de ser e que eu tanto tenho saudade, hoje em minha vida, são só saudade, mas uma saudade que não se desfaz. E creio que nunca se desfará!

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