quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Minha Doce Dor


Minha Doce Dor

Ela vem e te alcança
Você não sabe para onde ir
Quem sabe um lugar seguro
Vai e se tranca no quarto
Se cobre até a cabeça
Não sabe como, mas ela está lá
Você foge e se esconde debaixo da cama
Escuta seus passos pesados pelo quarto
Tenta parecer invisível, mas não consegue
E então ela te alcança
Você não tem mais para onde ir
Ou aonde se esconder
E a dor te pega de jeito
É lancinante, é duradoura
Sem direito a escapatória

Você tenta fugir
Barbitúricos, opioides, entorpecentes
Nada afasta a dor de você
E ela te maltrata, te enlouquece
Te transfigura, te inebria
A dor te faz prisioneiro dela
E a angústia chama a agonia
Para virem te ser companhia
O choro vem sem ter um motivo
Você quase sufoca ao soluçar
O seu grito ninguém ouve
A sua súplica é embebida em sangue
Te olham com pena
Mas não te estendem a mão
A dona do seu mundo é a doce dor

E essa soberana com estilo messalina
Te subjuga e te lacera as vísceras
E ninguém lá fora se importa
É como um trem vindo em sua direção
E você amarrado aos trilhos do destino
Nada pode fazer para impedir o impacto
E a dor te pega de jeito
Te faz ficar no quarto escuro se perguntando:
O que é mesmo que eu tô fazendo aqui?
E a dúvida te domina os pensamentos
Os pensamentos te levam a loucura
E a loucura te faz escapar da dor
De dor e de louco todo mundo tem um pouco
Uns mais, uns menos, mas ninguém escapa
A dor nos mostra que ainda estamos vivos

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