Herói
Ou Vilão
Não sei se vocês sabem, mas eu sou fã do Batman. Adoro
a ideia de um ser humano que resolve fazer de tudo ao seu alcance para mudar o
mundo e fazer dele um lugar melhor. Amo as referências históricas do
personagem, sua mitologia, seu código moral e tudo mais. Tudo nas suas
histórias me encanta, justamente por o Batman ser o único super-herói que é totalmente
humano, que usa apenas o seu corpo e o seu intelecto, para se igualar a deuses,
extraterrestres e tudo mais que é herói e vilão que temos nas histórias em
quadrinho.
Falo do Batman pois ele é um grande exemplo dessa
moeda que tem as faces do heroísmo e da vilania estampada em suas faces. Num
dos melhores filmes produzidos com o Homem Morcego como personagem principal, o
Cavaleiro Das Trevas, dirigido pelo Cristopher Nolan, há uma das frases mais
sensacionais sobre o tema: “Ou você morre herói, ou vive o suficiente para
virar vilão”.
Essa frase é sensacional em sua essência. Ela mostra
bem como é essa questão da idolatria que nós tempos por figuras heroicas, mas
que no mundo real, todo herói acaba se corrompendo em alguma parte do caminho.
Se você não entende bem de histórias em quadrinhos e super-heróis, não tem
problema, vou te trazer um exemplo bem real.
Na última eleição, tivemos a criação do Mito. O
Bolsonaro vestiu a capa de herói da nação, de que iria tirar a nação da sua
podridão moral e sua corrupção endêmica. Ocorre que, não completamos nem um mês
de governo e o mesmo já está mergulhado em uma crise, justamente por se mostrar
mais do mesmo, por seu filho ter um assessor que está enrolado com a Justiça e
corroborando para enrolar o próprio “primeiro-filho”.
Contudo, a aura de arauto da idoneidade moral, de
líder incorruptível, de guerreiro anti-corrupção que o mesmo criou para si,
acaba tornando-o escravo de suas ambições heroicas. Ao não saber que o próprio filho,
sangue do seu sangue cometia desvios sob a pecha de deputado estadual, não é
muito aceitável para um herói, vocês hão de convir.
Ou seja, o Bolsonaro viveu o suficiente para deixar de
ser herói e passar a ser o novo vilão, pois também tem negócios com o mesmo
assessor do seu filho que apesar de se dizer um empresário competente, que
movimentou mais de sete milhões de reais em menos de três anos fiscais, ainda
assim, ainda mora em uma casa mais ou menos, em uma vila mais ou menos, em uma
rua mais ou menos, de um bairro mais ou menos. E pior que a cada explicação não
dada, ou dada mais ou menos por Flávio e Queiroz, tudo acaba respingando no
nosso chefe maior do executivo.
Com um congresso fisiologista e um corpo
político em seu governo, ávido pelos holofotes, que se agita mais com o cheiro
de sangue que tubarões brancos, não é querer pedir demais que o Bolsonaro não
se deixe cair na armadilha de se tornar seu próprio vilão. No Cavaleiro Das
Trevas o Harvey Dent, que era a esperança de Gotham City acabou sucumbindo ao
ser levado a loucura. Dizem que o poder corrompe, resta saber se o Mito
resistirá a sua própria vilania.
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