terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Herói Ou Vilão

Herói Ou Vilão

Não sei se vocês sabem, mas eu sou fã do Batman. Adoro a ideia de um ser humano que resolve fazer de tudo ao seu alcance para mudar o mundo e fazer dele um lugar melhor. Amo as referências históricas do personagem, sua mitologia, seu código moral e tudo mais. Tudo nas suas histórias me encanta, justamente por o Batman ser o único super-herói que é totalmente humano, que usa apenas o seu corpo e o seu intelecto, para se igualar a deuses, extraterrestres e tudo mais que é herói e vilão que temos nas histórias em quadrinho.
Falo do Batman pois ele é um grande exemplo dessa moeda que tem as faces do heroísmo e da vilania estampada em suas faces. Num dos melhores filmes produzidos com o Homem Morcego como personagem principal, o Cavaleiro Das Trevas, dirigido pelo Cristopher Nolan, há uma das frases mais sensacionais sobre o tema: “Ou você morre herói, ou vive o suficiente para virar vilão”.
Essa frase é sensacional em sua essência. Ela mostra bem como é essa questão da idolatria que nós tempos por figuras heroicas, mas que no mundo real, todo herói acaba se corrompendo em alguma parte do caminho. Se você não entende bem de histórias em quadrinhos e super-heróis, não tem problema, vou te trazer um exemplo bem real.
Na última eleição, tivemos a criação do Mito. O Bolsonaro vestiu a capa de herói da nação, de que iria tirar a nação da sua podridão moral e sua corrupção endêmica. Ocorre que, não completamos nem um mês de governo e o mesmo já está mergulhado em uma crise, justamente por se mostrar mais do mesmo, por seu filho ter um assessor que está enrolado com a Justiça e corroborando para enrolar o próprio “primeiro-filho”.
Contudo, a aura de arauto da idoneidade moral, de líder incorruptível, de guerreiro anti-corrupção que o mesmo criou para si, acaba tornando-o escravo de suas ambições heroicas. Ao não saber que o próprio filho, sangue do seu sangue cometia desvios sob a pecha de deputado estadual, não é muito aceitável para um herói, vocês hão de convir.
Ou seja, o Bolsonaro viveu o suficiente para deixar de ser herói e passar a ser o novo vilão, pois também tem negócios com o mesmo assessor do seu filho que apesar de se dizer um empresário competente, que movimentou mais de sete milhões de reais em menos de três anos fiscais, ainda assim, ainda mora em uma casa mais ou menos, em uma vila mais ou menos, em uma rua mais ou menos, de um bairro mais ou menos. E pior que a cada explicação não dada, ou dada mais ou menos por Flávio e Queiroz, tudo acaba respingando no nosso chefe maior do executivo.
Com um congresso fisiologista e um corpo político em seu governo, ávido pelos holofotes, que se agita mais com o cheiro de sangue que tubarões brancos, não é querer pedir demais que o Bolsonaro não se deixe cair na armadilha de se tornar seu próprio vilão. No Cavaleiro Das Trevas o Harvey Dent, que era a esperança de Gotham City acabou sucumbindo ao ser levado a loucura. Dizem que o poder corrompe, resta saber se o Mito resistirá a sua própria vilania.

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