Você Votou No Aécio
Como o ser humano
é curioso. Daquelas coisas que quando a gente morrer, eu vou ter que ter um
papo sério com Deus para conseguir colocar nessa minha cabeça pragmática, qual
que era a intenção de Deus ao criar tais seres. Não vai ser no sentido de tirar
satisfação, de forma alguma, mas ainda assim, será no intento de compreender
como podemos ser assim tão complexos e tão esquisitos, sendo claro que não
conseguimos mostrar porque agimos de tal maneira, senão, por mero egoísmo.
Você não se
pergunta, às vezes, porque nós fazemos determinadas coisas e não outras?! Ou
ainda porque temos certas atitudes perante um fato, mas estranhamos se os
outros tiverem a mesma atitude perante o mesmo fato?! Ou ainda mais, porque
aceitamos certas coisas de determinadas pessoas e não aceitamos essa mesma coisa
de outras?! Ou seja, somos complexos, esquisitos e estranhos.
Falo isso, porque
agora está havendo um movimento, mais um de caça às bruxas, contra os eleitores
do Aécio Neves. Entendo que quem votou no Aécio, votou com a melhor das
intenções. Mas meu ponto é justamente a postura das pessoas após as eleições,
uma vez que surgiu o movimento: “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”. Era
uma forma de retirar a culpa desses por conta dos problemas que o país
atravessava na época e que hoje ainda atravessa.
Ocorre que, o
mundo realmente gira, as coisas mudam, e aí que entra essa minha questão da
retirada de culpa, sabe porquê? Simplesmente porque, agora que se descobriu a
participação do Aécio em esquemas de corrupção, que antes eram atribuídos
somente ao PT. Com isso, saiu o: “a culpa não é minha, votei no Aécio” e entrou
o: “mas era Aécio ou Dilma”.
Sim, era Aécio ou
Dilma, era uma “Escolha de Sofia”. Tínhamos que fazer essa escolha entre os
dois, mas nem por isso, a culpa era de um ou de outro, a culpa era do sistema e
consequentemente é nossa, pois temos a certeza que nada fizemos para mudar o
sistema desde então. Contudo, o que critico é justamente essa postura de se
isentar de culpa.
Todos temos culpa,
os que votaram em A, os que votaram em B, os que não votaram, os que anularam o
voto, os que não votam nunca... Todo e qualquer brasileiro tem culpa, pois não
demos a real atenção ao problema do sistema político. Porém, me incomoda essa
questão de tirar o corpo fora que muitas pessoas têm. Não consigo entender tal
postura.
Atualmente eu não
vejo ninguém mais defendendo que a culpa não é sua, porque votou no Aécio.
Assim como não vejo mais as pessoas falando que votaram no Crivella para
impedir o Freixo de chegar a prefeitura do Rio. Eu mesmo, admito a minha culpa
em algumas coisas, votei na Dilma para impedir que o Aécio chegasse ao
Planalto, fato que hoje se mostra como a melhor das minhas decisões. Além
disso, votei no Pezão, para impedir que o Crivella chegasse ao governo do
estado, decisão essa que também se mostra correta, devida a lastimável
administração que o bispo está fazendo na Cidade Maravilhosa. Por fim, votei no
Freixo, mesmo com todos os meus senões contra ele, votei nele para evitar
novamente que Crivella chegasse ao poder. Nesse último caso, não consegui fazer
valer a minha ideia de escolha, contudo, não me eximo de culpa.
E aí que mora o
meu incômodo, pois muita gente sempre tende a se esquivar das suas
responsabilidades, se ausenta das suas escolhas, tenta sempre achar um bode
expiatório, um culpado, alguém para culpar em todas as situações do cotidiano
humano. O ser humano tende a ser “covarde” e se esconder de suas
responsabilidades.
No caso em quem
citei os eleitores do Aécio, vejo isso, se envergonham hoje, não de terem feito
uma escolha por um candidato que se mostrou equivocada, mas se envergonham da
postura que tiveram após a eleição. É, porque naquela eleição, pintaram o Aécio
de santo, colocaram ele como um pobre coitado, que infelizmente não pode ser
presidente e por isso mesmo, carregava consigo, a honra, a glória, a coerência
e a luta contra a corrupção.
Eu nunca confiei
em Aécio, por isso minha escolha ter sido pela Dilma, sabendo dos seus
defeitos, das falhas cometidas pelo PT e por seus aliados. Votei nela, não por
compactuar com o que tinha sido feito, mas sim, como uma forma de projetar uma
mudança de postura, mas ainda seguindo com as vitórias sociais conseguidas pelo
nosso país. Ledo engano, uma vez que o PT continuou aliado aos picaretas e
ainda tomou um golpe dos maiores picaretas desse país.
Quem votou no
Aécio, acreditou que ele era o grande Salvador da Pátria, aquele que iria mudar
nosso país, que salvaria a nossa economia, que ele seria o grande responsável
por nos levar ao primeiro mundo. Ocorre que, o Aécio não é nada disso, ele era
apenas mais um, assim como o PSDB é só mais um partido e qualquer outro
personagem da nossa política será só mais do mesmo, pois o nosso problema não
são os políticos, mas sim a forma como se faz política nesse país.
Hoje, as pessoas
dizem que votaram no Aécio para evitar que a Dilma fosse eleita. Argumento que
seria totalmente válido, se posteriormente não tivéssemos descoberto que o
senador é ainda mais corrupto que aqueles a quem ele acusou de corrupção e
mais, maculou os sonhos de todos que desejavam um país melhor apoiando ele.
Contudo, os eleitores dele, esquecem-se do movimento: “Eu não tenho culpa, eu
votei no Aécio”. Esquecem-se, inclusive, deliberadamente, para novamente se
eximirem de culpa.
Não acho que as
pessoas devam ser punidas por escolhas políticas, todos devemos ter convicções
ou ao menos buscar ter posicionamento político, para que possamos fazer,
realmente, política nesse país. Ocorre que, os aecistas continuam com a mesma
postura blasè de antes, com posturas como: Eu não tenho bandido de estimação ou
Que todos paguem pelos seus atos.
Ocorre, amigos,
que até o momento, só uma presidente democraticamente pelo povo foi destituída
de seu cargo, por um movimento feito para perpetuar a corrupção no poder. O
povo bateu panela, foi a rua de verde e amarelo, andou na Atlântica, mas hoje,
quando o quadro é muito pior, onde o presidente do país é diretamente envolvido
em escândalos (isso mesmo, no plural), as forças que o apoiam estão ainda mais
envolvidas, o presidente faz tramoias para se manter longe do banco dos réus, o
congresso abraça corruptos e o senador Aécio Neves (candidato dessas pessoas)
foi liberado pelo senado, ainda assim, essas pessoas se mantém inerte. Não
falam uma palavra, não se indignam, não falam mais que o seu candidato era isso
ou aquilo...
Foram tantos
escândalos seguidos, que de lado a lado, “esquerda” ou “direita”, mortadelas ou
coxinhas, tucanos ou estrelas, azuis ou vermelhos... Tanto faz o lado, o matiz,
a região, o tipo, a origem, a cor, a raça, o sexo, a idade, o credo, qualquer
que seja o político, ele é passível de ser devorado pelo sistema político
brasileiro. Que está montado de tal forma, a perpetuar pessoas e famílias no
poder, capaz de corromper homens tidos de bem, que transforma boas ideias em
formas de ilicitude, que barganha poder por cargos, que troca votos por
dinheiro, que valoriza mais o benefício político do que o conhecimento
técnico...
Pois é, ou a gente
aprende a olhar que somos todos culpados, que ninguém pode se eximir de culpa,
perceber que todo e qualquer político que é eleito está lá para governar por
todos e não somente pelos seus eleitores, que não há quem diga: “Cuidando das
pessoas” e possa cuidar só dos seus interesses, não podemos pensar em política
só de 2 em 2 anos, quando tem eleição, que temos que acompanhar as atividades
parlamentares, termos maior engajamento político, pensar melhor nas nossas
escolhas e debater mais sobre o assunto com nossos parentes, amigos e
conhecidos. Não podemos deixar que essa corja continue comandando o nosso país
e acharcando os nossos bolsos e ficarmos com os braços cruzados. Como bem disse
o poeta: “Até quando você vai levando porrada? Até quando vai ser saco de
pancada?”. Pois é, até quando você vai aceitar isso? Muda, Brasil! Mostra a sua
cara! A hora é agora! E como eu já disse, somos nós x eles! E você, vai ficar
de qual lado? Do que se corrompe, do que se omite ou você vai pra guerra?
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