quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Você Votou No Aécio

Você Votou No Aécio

Como o ser humano é curioso. Daquelas coisas que quando a gente morrer, eu vou ter que ter um papo sério com Deus para conseguir colocar nessa minha cabeça pragmática, qual que era a intenção de Deus ao criar tais seres. Não vai ser no sentido de tirar satisfação, de forma alguma, mas ainda assim, será no intento de compreender como podemos ser assim tão complexos e tão esquisitos, sendo claro que não conseguimos mostrar porque agimos de tal maneira, senão, por mero egoísmo.
Você não se pergunta, às vezes, porque nós fazemos determinadas coisas e não outras?! Ou ainda porque temos certas atitudes perante um fato, mas estranhamos se os outros tiverem a mesma atitude perante o mesmo fato?! Ou ainda mais, porque aceitamos certas coisas de determinadas pessoas e não aceitamos essa mesma coisa de outras?! Ou seja, somos complexos, esquisitos e estranhos.
Falo isso, porque agora está havendo um movimento, mais um de caça às bruxas, contra os eleitores do Aécio Neves. Entendo que quem votou no Aécio, votou com a melhor das intenções. Mas meu ponto é justamente a postura das pessoas após as eleições, uma vez que surgiu o movimento: “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”. Era uma forma de retirar a culpa desses por conta dos problemas que o país atravessava na época e que hoje ainda atravessa.
Ocorre que, o mundo realmente gira, as coisas mudam, e aí que entra essa minha questão da retirada de culpa, sabe porquê? Simplesmente porque, agora que se descobriu a participação do Aécio em esquemas de corrupção, que antes eram atribuídos somente ao PT. Com isso, saiu o: “a culpa não é minha, votei no Aécio” e entrou o: “mas era Aécio ou Dilma”.
Sim, era Aécio ou Dilma, era uma “Escolha de Sofia”. Tínhamos que fazer essa escolha entre os dois, mas nem por isso, a culpa era de um ou de outro, a culpa era do sistema e consequentemente é nossa, pois temos a certeza que nada fizemos para mudar o sistema desde então. Contudo, o que critico é justamente essa postura de se isentar de culpa.
Todos temos culpa, os que votaram em A, os que votaram em B, os que não votaram, os que anularam o voto, os que não votam nunca... Todo e qualquer brasileiro tem culpa, pois não demos a real atenção ao problema do sistema político. Porém, me incomoda essa questão de tirar o corpo fora que muitas pessoas têm. Não consigo entender tal postura.
Atualmente eu não vejo ninguém mais defendendo que a culpa não é sua, porque votou no Aécio. Assim como não vejo mais as pessoas falando que votaram no Crivella para impedir o Freixo de chegar a prefeitura do Rio. Eu mesmo, admito a minha culpa em algumas coisas, votei na Dilma para impedir que o Aécio chegasse ao Planalto, fato que hoje se mostra como a melhor das minhas decisões. Além disso, votei no Pezão, para impedir que o Crivella chegasse ao governo do estado, decisão essa que também se mostra correta, devida a lastimável administração que o bispo está fazendo na Cidade Maravilhosa. Por fim, votei no Freixo, mesmo com todos os meus senões contra ele, votei nele para evitar novamente que Crivella chegasse ao poder. Nesse último caso, não consegui fazer valer a minha ideia de escolha, contudo, não me eximo de culpa.
E aí que mora o meu incômodo, pois muita gente sempre tende a se esquivar das suas responsabilidades, se ausenta das suas escolhas, tenta sempre achar um bode expiatório, um culpado, alguém para culpar em todas as situações do cotidiano humano. O ser humano tende a ser “covarde” e se esconder de suas responsabilidades.
No caso em quem citei os eleitores do Aécio, vejo isso, se envergonham hoje, não de terem feito uma escolha por um candidato que se mostrou equivocada, mas se envergonham da postura que tiveram após a eleição. É, porque naquela eleição, pintaram o Aécio de santo, colocaram ele como um pobre coitado, que infelizmente não pode ser presidente e por isso mesmo, carregava consigo, a honra, a glória, a coerência e a luta contra a corrupção.
Eu nunca confiei em Aécio, por isso minha escolha ter sido pela Dilma, sabendo dos seus defeitos, das falhas cometidas pelo PT e por seus aliados. Votei nela, não por compactuar com o que tinha sido feito, mas sim, como uma forma de projetar uma mudança de postura, mas ainda seguindo com as vitórias sociais conseguidas pelo nosso país. Ledo engano, uma vez que o PT continuou aliado aos picaretas e ainda tomou um golpe dos maiores picaretas desse país.
Quem votou no Aécio, acreditou que ele era o grande Salvador da Pátria, aquele que iria mudar nosso país, que salvaria a nossa economia, que ele seria o grande responsável por nos levar ao primeiro mundo. Ocorre que, o Aécio não é nada disso, ele era apenas mais um, assim como o PSDB é só mais um partido e qualquer outro personagem da nossa política será só mais do mesmo, pois o nosso problema não são os políticos, mas sim a forma como se faz política nesse país.
Hoje, as pessoas dizem que votaram no Aécio para evitar que a Dilma fosse eleita. Argumento que seria totalmente válido, se posteriormente não tivéssemos descoberto que o senador é ainda mais corrupto que aqueles a quem ele acusou de corrupção e mais, maculou os sonhos de todos que desejavam um país melhor apoiando ele. Contudo, os eleitores dele, esquecem-se do movimento: “Eu não tenho culpa, eu votei no Aécio”. Esquecem-se, inclusive, deliberadamente, para novamente se eximirem de culpa.
Não acho que as pessoas devam ser punidas por escolhas políticas, todos devemos ter convicções ou ao menos buscar ter posicionamento político, para que possamos fazer, realmente, política nesse país. Ocorre que, os aecistas continuam com a mesma postura blasè de antes, com posturas como: Eu não tenho bandido de estimação ou Que todos paguem pelos seus atos.
Ocorre, amigos, que até o momento, só uma presidente democraticamente pelo povo foi destituída de seu cargo, por um movimento feito para perpetuar a corrupção no poder. O povo bateu panela, foi a rua de verde e amarelo, andou na Atlântica, mas hoje, quando o quadro é muito pior, onde o presidente do país é diretamente envolvido em escândalos (isso mesmo, no plural), as forças que o apoiam estão ainda mais envolvidas, o presidente faz tramoias para se manter longe do banco dos réus, o congresso abraça corruptos e o senador Aécio Neves (candidato dessas pessoas) foi liberado pelo senado, ainda assim, essas pessoas se mantém inerte. Não falam uma palavra, não se indignam, não falam mais que o seu candidato era isso ou aquilo...
Foram tantos escândalos seguidos, que de lado a lado, “esquerda” ou “direita”, mortadelas ou coxinhas, tucanos ou estrelas, azuis ou vermelhos... Tanto faz o lado, o matiz, a região, o tipo, a origem, a cor, a raça, o sexo, a idade, o credo, qualquer que seja o político, ele é passível de ser devorado pelo sistema político brasileiro. Que está montado de tal forma, a perpetuar pessoas e famílias no poder, capaz de corromper homens tidos de bem, que transforma boas ideias em formas de ilicitude, que barganha poder por cargos, que troca votos por dinheiro, que valoriza mais o benefício político do que o conhecimento técnico...
Pois é, ou a gente aprende a olhar que somos todos culpados, que ninguém pode se eximir de culpa, perceber que todo e qualquer político que é eleito está lá para governar por todos e não somente pelos seus eleitores, que não há quem diga: “Cuidando das pessoas” e possa cuidar só dos seus interesses, não podemos pensar em política só de 2 em 2 anos, quando tem eleição, que temos que acompanhar as atividades parlamentares, termos maior engajamento político, pensar melhor nas nossas escolhas e debater mais sobre o assunto com nossos parentes, amigos e conhecidos. Não podemos deixar que essa corja continue comandando o nosso país e acharcando os nossos bolsos e ficarmos com os braços cruzados. Como bem disse o poeta: “Até quando você vai levando porrada? Até quando vai ser saco de pancada?”. Pois é, até quando você vai aceitar isso? Muda, Brasil! Mostra a sua cara! A hora é agora! E como eu já disse, somos nós x eles! E você, vai ficar de qual lado? Do que se corrompe, do que se omite ou você vai pra guerra?

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