A Humanidade Ainda
Tem Jeito?
Cara, o mundo anda
realmente um lugar esquisito. As pessoas andam relativizando tudo e todos.
Conseguem sempre mostrar o pior lado que o ser humano tem. Nunca se mostram
afeitos ao bem, a humanidade, ao amor, a paz, é sempre o mal, o individualismo,
o ódio e a guerra. As pessoas gostam de pregar as suas verdades, achando que
somente a opinião delas conta. É o seu sistema econômico, o seu candidato, o
seu jeito de agir, a sua forma de pensar, é só no individual, nunca no
coletivo.
Falo que o mundo
tá esquisito e geralmente, quando falo disso, sou mal interpretado, pois as
pessoas acham que quero impor a minha forma de pensar, o meu jeito de ser, mas
não é nada disso. O que quero é justamente o oposto, quero que todo mundo possa
ter a sua forma de pensar, o seu modo de agir, contudo, acima de tudo, quero
que pensemos no futuro da humanidade, no futuro da raça humana, quero que
pensemos no bem coletivo, quero que busquemos uma forma de a vida ser melhor
para todos, não só para uma parte da humanidade.
Não, não tenho um
pensamento utópico ou revolucionário, outras pessoas já pensaram nesse bem:
Gandhi, Jesus Cristo, Jonh Lennon, Martin Luther King Junior, Nelson Mandela e
tantos outros pensadores, que ousaram desafiar a lógica individual do ser
humano e buscar pensar um mundo em que o individual não seria nunca mais
importante que o coletivo. Onde as pessoas poderiam se respeitar como iguais,
onde não haveria diferenciação por conta de cor, raça, credo, sexo, idade,
tamanho, força, nacionalidade...
Ocorre que, com o
passar do tempo, os seres humanos estão se preparando para uma vida em que cada
vez mais eles possam ser individuais, onde eles possam buscar apenas os seus
interesses, se esquecendo que coabitamos esse planetinha com outros tantos
bilhões de pessoas. Estamos preparando um futuro tenebroso, onde as pessoas
estão cada vez mais fechadas nos seus mundos, onde elas são o centro do
universo.
O problema disso é
que assim, temos vários universos, com cada pessoa sendo o centro de um
universo. Daí, acaba havendo o choque entre universos, pois o que é bom pra
mim, pode não ser para o outro ao meu lado, assim como o que é bom pra ele,
pode não ser bom para um terceiro e assim sucessivamente, nos levando a
perceber que cada mundo desses, cada indivíduo que é o centro do seu universo,
está pensando apenas em preservar o seu mundo e não todos os mundos.
Falo que o mundo
tá esquisito, pois eu sou católico, participo de movimentos da juventude
católica e no meio dessas pessoas, me sinto um peixe fora d’água. Não que eu
discorde de crenças e tudo mais, porém, não me acerto com os pensamentos
propagados, uma vez que em sua maioria, essas pessoas são contrárias ao aborto,
mas a favor da pena de morte, ou são a favor da legalização da maconha, mas
contrário ao desarmamento, são contrários aos direitos humanos, mas pregam o
exemplo de Cristo como forma de vida.
Não, não estou
aqui dizendo que o meu pensamento que é o certo, entretanto, prego coerência nos
discursos. Afinal, é muito fácil fazer campanha contra o aborto e depois,
quando o jovem cresce sem estrutura familiar, sem oportunidades de estudar,
crescer e se tornar produtivo para a sociedade, se tornando um marginal, aí,
prega-se a pena de morte, afinal, bandido bom é bandido morto. É incoerente
isso! Ou ainda, você sabendo que as drogas são ilegais no nosso país (e aqui,
me furto ao debate sobre os motivos disso ou de certas drogas serem legais ou
não, pois isso é assunto para outro texto), ainda assim, compra as drogas
ilícitas, mesmo sabendo que quem está vendendo para você, faz parte do aparato
internacional de tráfico de drogas, inclusive, mantendo o domínio armado que
causa tantas mortes em nossa sociedade.
Falo que o mundo
tá esquisito, pois em nosso país, as pessoas se indignaram contra uma
presidente acusada de corrupção, mas não se revoltam contra um presidente
assumidamente corrupto. Não acham nada demais o mesmo, para salvar o seu cargo,
ter aprovado uma reforma trabalhista totalmente lesiva aos trabalhadores e
ainda precarizar o combate ao trabalho escravo. As pessoas andam meio fora da
casinha mesmo.
Julgam o que é
arte baseado somente em seus gostos e criticam formas de arte que são
contestadores e obrigam as pessoas a pensarem fora do senso comum. Querem dar
ao Estado o direito de decidir sobre o meu livre-arbítrio e sobre o meu direito
de ir e vir. Se revoltam com um gol mal anulado, mas se calam diante de
desgovernos e descalabros. Acham normal um representante público enaltecer um
torturador e assassino, mas reclamam de quem defende os direitos humanos e
também igualdades sociais, sexuais e afins.
Falo que o mundo
tá esquisito, pois as pessoas se compadecem com a morte de um artista por
overdose, mas acham normal as crianças que morrem diariamente na África, ou
ainda, que se chocam com atentados em Paris, EUA e Inglaterra e afins, mas se
calam sobre os atentados na Somália, Iraque e outras localidades menos idealizadas.
É como aqui, em diversas comunidades as pessoas vão morrer sob o som de tiros,
contudo, se isso ocorre na Rocinha, nosso ministro da Defesa diz que é um
absurdo.
Como eu disse, é a
relativização da vida humana. Com as pessoas usando sempre dois pesos e duas
medidas, é a banalização do inaceitável, as pessoas preferem se revoltar com
uma mostra cultural, onde um homem está parado imóvel e é tocado por uma
criança, que foi levada pela mãe (sendo essa a única responsável por expor a
criança a material inapropriado ou não), mas se calam diante da omissão da
justiça, a servidão do congresso ou a corrupção no palácio do planalto.
Nossa sociedade
está doente, já cansei de falar isso. As pessoas andam cada vez mais extremas,
com um pensamento: “Se você não está comigo, então você está contra mim” (Eu
sei, é do Star Wars mesmo). Mas esse pensamento serve muito pra ilustrar os
dias de hoje, onde as pessoas estão cada vez mais individuais, esquecendo-se que
o ser humano é um animal social, que ele depende da sociedade, pois não
consegue mais viver e prover sua subsistência de forma única.
Hoje, dependemos
de outros seres humanos para tudo, não conseguimos mais viver em cavernas, nos alimentar
de nossas caças e prover segurança para a nossa prole. Não, hoje dependemos de
uma rede engendrada da sociedade, que depende desde o mais simples catador de
minhocas, até o mais alto executivo da NASA, todos temos o nosso papel para
fazer essa rede se manter ativa.
Ninguém no mundo é
melhor do que ninguém, embora a nossa sociedade pregue que pessoas com mais
dinheiro, mais poder e mais bens sejam melhores que pessoas que são o seu
oposto. O problema da sociedade humana é esse, as pessoas querem dar preço aos
outros, mas esquecem que cada pessoa tem uma história, cada pessoa tem o seu
valor (mas não um preço), cada pessoa é importante, cada vida é importante, não
importa a nacionalidade, a cor, a raça, o sexo, a orientação sexual, a idade, a
religião...
Pois é isso, acredito
ainda que o mundo possa ser um bom lugar, onde todos se respeitem, saibam os
seus direitos e deveres, defendam sempre os mais fracos e oprimidos, busquem
sempre um entendimento coletivo, que as pessoas parem com tanto individualismo
e percebam que essa nossa jornada aqui, embora curta, impacta nas gerações
futuras, por isso mesmo, temos que zelar para que as novas gerações, cada vez
mais se livrem desses pensamentos que segregam, que machucam e maltratam. Como
bem disse Jonh Lennon: “Vocês podem dizer que eu sou um sonhador, mas eu não
sou o único. Tenho a esperança de que um dia você se juntará a nós e o mundo
viverá como um só”.
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