A
Moral E A Política
E finalmente chegamos ao
ponto que eu saberia que chegamos com a entrada de um governo corrupto que está
voltado para os interesses dos grandes especuladores, grandes empresários e
grandes fortunas, sem que se leve em consideração o que realmente seria
necessário para se mudar esse país. Finalmente chegamos ao ponto onde muitos,
infelizmente, muito tarde, estão se dando conta do que aconteceu, de verdade
nesse país. Agora sim, algumas pessoas que estavam com vendas nos olhos
conseguem desobstruir suas vistas e passam a enxergar o óbvio: OS POLÍTICOS NÃO
ESTÃO NEM AÍ PRA GENTE!
Falo há tempos sobre a
necessidade de se fazer uma reforma política séria nesse país, não estou
falando apenas de como e quando as pessoas poderão ser eleitas, mas de quem
poderá ser eleito, que tipo de atitudes poderá tomar, que tipo de posicionamento
essa pessoa poderá ter e tudo mais, coisas que muita gente nem pensa que pode
ser possível, mas que com o poder do povo todos nós poderemos fazer a
diferença.
Chegamos ao ponto, onde a
ética e a moral estão deixadas de lado, onde os nossos governantes, quase todos
envolvidos em maracutaias, falcatruas e podridão, querem empurrar, como sempre,
na conta do povo, o fato de que eles prejudicaram o país com todo esse lamaçal
de ações danosas ao povo. E esse problema moral se estende para diversos
setores da sociedade, não está só nos políticos, que ao meu ver, apenas são o retrato
fiel da nossa sociedade: Elitistas, Machistas, Misóginos, Corporativistas, Corruptos
e ainda por cima, nem aí para o povo.
A ética do nosso povo
está tão estranha, que as pessoas falam que gostam quando seu time ganha com um
gol de mão, impedido, aos 55 minutos do segundo tempo, mas se indignam com as
atitudes erradas dos políticos. Nosso povo é estranho mesmo, reclama da
contratação do goleiro Bruno pelo Boa Esporte, mas acha que se o Sérgio Cabral
perdesse todo o seu dinheiro, nem precisaria ser preso. É uma falta de
coerência ética sem tamanha.
MV Bill fala muito bem
numa de suas obras de arte o seguinte: “(...) Então me diga o que causa mais
estrago, 100 gramas de maconha ou um maço de cigarro? O povo rebelado ou
polícia na favela? A música do Bill ou a próxima novela? (...)” – Bem a ver com
o que pensam as pessoas em nosso país, relativizam as coisas, não pensam que
não existe mal maior ou menor, existe o mal. A gradação de crimes no Brasil é
algo que relativiza as coisas, contudo, não se comparam crimes, até porque, na
minha escala de valores, no que eu aprendi como certo e errado, quando você
rouba de um, você tá prejudicando um, quando você rouba de todos, você está
prejudicando a todos.
Então, não dá para levar
em consideração essas interpretações ruins das pessoas, a verdade é que um
político corrupto não está cometendo só um crime, não é só a corrupção, ele
está além de tudo, matando a fé e a esperança, tá deixando de gastar o dinheiro
onde ele deveria de ser aplicado, está pondo milhões de pessoas em condição de
desespero. Já viu quantos casos de suicídio de funcionários do estado do Rio já
aconteceram desde que começamos com essa crise financeira absurda?
Pois é, estamos em crise,
acima de todas elas, estamos com essa crise moral, onde as pessoas não sabem
mais ter noção do certo e do errado, fazem piada de espancamento de travesti e
se revoltam com o aumento da conta de luz, criticam bolsas auxílio, mas não
acham errado o parente receber acima do teto constitucional, cobram uma
sociedade mais correta e ética, mas se tá sentado em banco de prioridade nos
meios de transporte, finge que está dormindo para não ceder o lugar.
Aí você vai perguntar –
Victor, por que você está falando disso? Eu te respondo, meu caro amigo, agora
as pessoas realmente se deram conta de que o problema não era o partido A, B ou
C, o problema é o jogo político, o problema é como foi construído o jeito de se
fazer política no Brasil, o problema é que nunca se pensa em cortar na carne,
já que se pode botar nos cidadãos. Políticos em todas as esferas não pensam em
abrir mão de suas regalias ou ainda, enxugar a máquina que comandam, pensam
apenas em fazer o povo pagar para que estanquemos a sangria de dinheiro
provocada por eles.
Mais uma prova é a
reforma da previdência que agora está para ser aprovada a toque de caixa no
Congresso Nacional. Mais uma vez, quem vai pagar o pato é o povo, sendo que, o
povo foi para as ruas, pois dizia que não iria pagar o pato. Impressiona como
que um ano depois das manifestações de treze de março, quando o país foi
invadido por uma onda de “doutores em política”, que eram contra tudo isso que
estava aí, parecem que agora estão conformados e satisfeitos com tudo o que
acontece com o país. Não ouço panelas, não ouço apitaço, não ouço reclamações,
não ouço pessoas indignadas. Como antes, as ideias eram cortar programas
sociais que abrangiam as comunidades mais baixas da população, tudo era
permitido. Mas agora que começou a mexer com a classe média, agora eles vão se
indignar.
Mais uma vez, a classe
média foi usada como massa de manobra nesse nosso país, mais uma. Só que dessa
vez, parece que eles vão sair ainda mais prejudicados, afinal, quem é realmente
contribuinte da previdência, é quem tem trabalho formal, de carteira assinada,
e na atual conjuntura, praticamente, só a classe média está empregada
formalmente.
Não, eu sou totalmente
contrário a essa reforma da previdência, assim como todas as reformas propostas
por esse governo ilegítimo que está no poder, comandado por uma corja que sempre
mamou nas tetas do povo. Só que agora, com o controle do país, está provocando
ainda mais danos, afinal, está tentando enfiar, goela a baixo do povo, essas
reformas danosas ao povo.
Eu tenho uma noção muito
básica de economia e o pouco que eu sei de finanças é de forma prática, de quem
tem que administrar suas próprias finanças, contudo, pra mim e acho que pra
qualquer pessoa, quando as finanças começam a dar problemas, primeiramente a
gente corta os supérfluos, certo? E os governos, tanto federal, como municipal
e principalmente o estadual, não estão focados nisso. Nossos amados governantes
não pensam em diminuir os seus gastos, não cortaram o supérfluo ou mais,
investiram em otimização dos seus serviços. Muito pelo contrário!
O que se vê, em nível
federal, estadual ou municipal, é que os políticos estão preocupados em se
manterem ali, açodando o povo. O governo federal vem com a reforma da
previdência, o estadual com a retaxação dos funcionários, já o municipal vem
com a ideia de criar novos impostos. Ocorre, que cada um dentro de suas
possibilidades, acabaram de abrir mão de muito dinheiro, cada um dentro da sua
realidade, com incentivos fiscais, aumento de salários de políticos e/ou
membros do poder judiciários ou ainda, com a manutenção de políticas fajutas de
interesse de mega empresários.
O problema maior pra mim,
é que todo mundo pensou que o país iria mudar num passe de mágica, que o juiz
Sérgio Moro era o único bastião da justiça, que a esquerda é que era o mal, que
as pessoas mais humildes eram aproveitadoras e que tirando a Dilma do poder,
tudo mudaria. Acontece que a realidade é outra, o inimigo é outro, o inimigo
não é aquele cara que parece o seu irmão, como disse o poeta. O inimigo está
sentado na cadeira da presidência, nas cadeiras do Congresso Nacional, nas cadeiras
dos tribunais de contas, nas cadeiras de presidência das grandes empreiteiras,
nas cadeiras de governador, nas cadeiras de prefeitos, nas cadeiras das assembleias
estaduais, nas cadeiras das câmaras municipais, nas cadeiras dos tribunais...
A verdade é muito
simples, quem está prejudicando esse país, somos todos nós que nos calamos
diante de tantos descalabros, de tanta corrupção, de tantos desmandos... Que
agora, os políticos acham que podem fazer o que quiser. Só você ver, tiraram a
Dilma com a alegação de que ela fez pedaladas fiscais, certo? Uma das primeiras
medidas do governo Temer é que as pedaladas passaram a ser consideradas legais.
Caixa dois sempre foi crime, faz parte de uma legislação que data de 1986, os
políticos querem convencer o Supremo de que caixa dois não é nada demais.
Crivella sempre criticou a relação de Eduardo Paes com as empresas de ônibus,
sendo inclusive uma de suas propostas de campanha uma devassa nos contratos de
concessão dessas empresas, certo? E olha que surpresa, Crivella acabou de
confirmar que não fará nada contrário as empresas, muito pelo contrário, ainda
vai conceder o aumento que as mesmas empresas desejam.
A nossa crise moral passa
por pessoas apoiando justiceiros, descredibilizando o nosso sistema jurídico, é
governador que nomeia secretária condenada por corrupção, é presidente que
nomeia ministro com nome citado mais de 40 vezes na delação da Lava-Jato, é
prefeito que tenta nomear o próprio filho para cargo comissionado, tudo isso,
com a ideia de que nada disso é antiético, nada disso é errado, de que não tem
nada demais, que tudo isso se justifica. Bem, se não é ilegal, é sim,
antiético, é sim errado, é sim um abuso para com o povo.
O que quero dizer, é que
precisamos mesmo é rever nossos conceitos, aceitar que a defesa não tem que ser
feita apenas dos meus interesses pessoais, temos que pensar na sociedade
brasileira como um todo, precisamos pensar em que tipo de sociedade nós
queremos ter, que tipo de gente nós queremos que nos governe, que tipo de
governo nós queremos, que tipo de Brasil nós queremos. Não devemos pensar
apenas nos nossos direitos, mas em todos os direitos, de todas as pessoas. Não
é só a reforma da previdência, temos todas as reformas que estão sendo
propostas pelo governo Temer, todas elas só visam prejudicar o povo, sem que os
governantes deem a sua cota de sacrifício.
Dessa forma, fica claro
que eu quero ver primeiro os políticos abrindo mão de suas políticas de
benefícios, abrindo mão de todas as suas bolsas e auxílios, privando-se de
salários acima do teto constitucional, pagando do próprio bolso as viagens para
as suas bases eleitorais, diminuindo o número de cargos comissionados a que tem
direito, diminuindo o número de deputados, deixando de lado disputas pessoais e
benefícios próprios e focando no que é o seu principal papel e objetivo, o
interesse do povo, a vontade do povo, trazer benefícios ao povo e não buscar
soluções simplórias como a venda da CEDAE ou ainda a reforma mequetrefe da previdência.
Por uma classe política
mais séria, eu prego antes de tudo a reforma humana da nossa sociedade, onde
voltemos a dividir valores morais corretos, valores humanos, valores de
igualdade, fraternidade e liberdade. Precisamos mesmo é de fazermos as reformas
que importam, a reforma moral do nosso país, daí vem a reforma política e só
daí poderemos fazer reforma da previdência, agrária e que tais. Por um Brasil
melhor, precisamos primeiro pensar em sermos pessoas melhores e só depois
buscarmos um país melhor.
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