Eu
Não Sou Fácil De Lidar
Devo admitir que não sou
a pessoa mais fácil de se conviver, apesar de ser muito fácil de se agradar,
ainda assim, eu sei que eu tenho um gênio forte e um temperamento difícil, o
que torna complicada a convivência comigo. Uma amiga minha me disse uma vez o
seguinte: “Victão, você não é para quem quer, você é para quem pode”. Na época eu
não entendi muito bem o que ela quis dizer com isso, achei até que ela
estivesse dando uma implicada comigo, ainda mais, que na época eu me achava
ainda mais simples de se lidar do que hoje em dia.
Já hoje, eu tenho plena
noção de que sou uma pessoa diferente do senso comum, não gosto de ficar
fazendo média com ninguém, penso que ou a pessoa gosta de mim ou ela não gosta
de mim, e pronto! Não sou muito de ter pessoas que sejam indiferentes a mim,
então, já sei que acabo gerando sentimentos extremos nas pessoas. Por um lado,
é bom, pois você sabe que aquela pessoa ou te quer muito bem ou então, te quer
muito mal, sendo mais fácil de lidar com elas. Por outro lado, é ruim, pois
essa energia negativa se projeta em você, trazendo uma carga muito pesada para
mim.
Eu, realmente gosto de
saber onde estou me metendo, com quem estou lidando, o que esperar de uma
pessoa... Embora seja adepto de surpresas, goste de surpreender e ser
surpreendido pelas pessoas, sempre de forma positiva, é claro, ainda assim, sou
um fascinado por padrões, por saber como as pessoas funcionam, gosto de
analisar as pessoas, de observar seus padrões de comportamento, ver do que ela
é capaz ou não, saber os seus cacos fônicos, as suas atitudes sob stress, sua
forma de lidar com a pressão, o que deixa sem graça, o que faz a pessoa se
irritar... Isso me leva a gostar de pessoas autênticas, que sabem surpreender,
aquelas que logo de cara já se mostram como verdadeiramente são, saca? Gosto
quando a pessoa já joga na cara logo os seus defeitos, não os mascara ou
esconde. É muito ruim você se acostumar com uma pessoa que tem como padrão ser
super ativa e do nada ela começa a se mostrar totalmente sedentária, ou alguém
que diz curtir um tipo de saída e depois passa a não mais fazer aquele tipo de
programa.
Eu sou assim, jogo limpo,
já mando logo na cara como eu sou, mostro logo de saída como eu sou, qual é o
meu padrão. Sou piadista, fanfarrão, gosto de bar, de beber, de samba, da
boemia, de carnaval, de cerveja, de praia, de sol, de verão, de calor, de
beijar na boca. Mostro quais são os assuntos que me irritam, gosto de dar
opinião sempre que provocado, falo alto, gosto de fazer os outros rirem, primo
pelas minhas amizades, tenho problemas com certas intimidades, sou metódico,
reclamo se não vejo reciprocidade, troco tudo para ver o Mengão jogar, faço
tudo pela minha família, gosto de planejar meus programas, já tive rolo com
muitas amigas minhas, falo palavrão, falo gírias, sou reclamão, odeio frio, sou
alérgico à muitas coisas, ou seja, sou cheio dos defeitos, e quando falo cheio,
quero dizer cheio mesmo. Ocorre que demonstro tudo isso logo de cara, não
mascaro quem sou ou finjo ser uma outra pessoa.
Pra mim, importa e muito
ser autêntico e original, me mantenho fiel a mim mesmo e aos meus princípios,
desta feita, acabo sento enfático sobre o que quero e o que eu não quero e
assim, me mostro, em certos aspectos, uma pessoa difícil de lidar, contudo, só
até a página dois. Sou do tipo de pessoa que quando você aprende a lidar, sou
uma seda, mas se você não sabe, sou uma lixa. Por ser muito direto e honesto
sobre como sou e como gosto de ser, não abro muita brecha para intepretações
ambíguas ou desconexas sobre quem sou e como sou. A pessoa percebe que comigo o
papo é muito reto, não tenho muito rodeio pras coisas.
O engraçado disso tudo, é
que as pessoas ainda assim me acham surpreendente, por muitos me verem sempre
com a cara fechada, ando assim como uma forma de espantar mesmo as pessoas
chatas que gostam de puxar papo comigo na rua, BRT e metrô, julgam que eu seja
um cara mal-humorado e tal, mas quando convivem mais comigo, percebem que não é
nada disso. Eu sou do tipo de pessoa que choco de primeira, as pessoas se
assustam um pouco, com um homem, negro, relativamente alto, corpulento, que
fala alto e anda rápido e de cara fechada.
Mas o meu padrão real não
é esse. Eu sou muito mais do que a superfície mostra. Quem me olha na rua,
nunca vai imaginar que eu sou dono desse espaço, onde mostro um lado mais calmo
e sensível, olha aí eu sendo surpreendente. Como já falei num outro texto, eu
sou vários eus, o meu padrão é de ser multifacetado, de ter diversos jeitos e
estilos, de ter minha vida sempre com várias possibilidades e nunca fechada em
um único padrão. Eu sou aquele ponto fora da curva. Até por isso, muita gente
acaba se surpreendendo ao saber que tenho certos pensamentos tão diferentes da
imagem que as pessoas me associam.
Então, seguindo assim,
realmente não sou pra quem quer conviver comigo, sou pra quem pode, sou pra
pessoas sem mimimi, pessoas que não tenham frescura com palavrão, com gente que
não esquenta por eu falar alto, por eu ser aficionado por algumas músicas e
ficar ouvindo elas ininterruptamente, por eu ter um jeito de lidar com os meus
problemas, por ser independente ao extremo, chegando a parecer quase
individualista em certos momentos, mas não por mal, só por não gostar de causar
problema aos outros, sou daqueles que não se apaixona, mas ama profundamente,
não tenho muito saco para pessoas com muita frescura, gosto de gente que é mais
povão...
Logo, fico por aqui,
explicando, que não sou do tipo de pessoa que todo mundo vai gostar, que todo
mundo vai querer perto, que todo mundo vai se amarrar em ter como amigo ou ter
em sua vida de alguma forma, não sou desses, sou para quem quer me ter por
perto, para quem valoriza ter alguém que é autêntico, que não é comum, não é
ordinário, sou do tipo de pessoa que é diferente e gosta disso, que valoriza as
suas diferenças, que ao se fazer original consegue gerar interesse nas pessoas,
se mostra uma pessoa diferenciada e cheia de surpresas para quem está disposto
a conhecer esse seu lado B.
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