segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

É Proibido Ser Diferente?

É Proibido Ser Diferente?

Curioso como as pessoas tratam os radicalismos como algo abominável, execrável, desprezível, torpe, até mesmo demoníaco ou diabólico. Engraçada essa postura, pois são os radicalismos que movem o mundo, para o bem ou para o mal. Foram os radicalismos, por exemplo, que levaram as grandes revoluções da humanidade. Foi um radicalismo que nos fez abandonar as árvores, nos fez sair de dentro das cavernas, nos fez explorar novas terras, nos fez pegar em armas e fazer a revolução burguesa, a revolução francesa, a revolução industrial... Aqui no Brasil, tivemos o movimento de independência, o movimento republicano, o movimento modernista, a revolução de Trinta, a revolução de 64, a revolução de redemocratização, a revolução do Fora Collor, a revolução dos 20 centavos, a revolução golpista do Temer...
Daí você vai me perguntar: Mas Victor, o que todos esses movimentos têm em comum? Simples, pessoa, em todos esses casos, os radicais que puxaram a frente. Foram pessoas radicais que começaram o burburinho até que essas revoluções se concretizassem. Não estou dizendo que os radicais comandaram tais revoluções, mas foram eles que deram o pontapé inicial, para esses acontecimentos, afinal, o radical é uma pessoa insatisfeita ao extremo. E só as pessoas insatisfeitas se movimentam para alterar o Status Quo. Isso é simples e notório, você nunca vai ver alguém que se beneficia de determinada situação se indignar contra essa situação que o beneficia. Então, os radicais são necessários para abalar o senso comum, faz com que as pessoas repensem a sociedade em que estão inseridas, daí, com o questionamento dos moderados é que surge uma solução real e viável para os problemas.
Espero que você já tenha entendido que eu não sou radical e nem defendo pensamentos extremos, muito pelo contrário, mas estou aqui, reconhecendo que precisamos da presença das pessoas radicais num estado democrático de direito. E porque estou falando isso? Fácil de explicar também, é porque devemos aprender a respeitar as diferenças e observando as diferenças, tirar o melhor proveito da diversidade, questionando assim a nossa sociedade e o mundo que nos cerca. A maior parte das pessoas é moderada, tende a se acostumar com a sociedade e vê-la com resignação, essa visão só muda quando provocada, e aí é que entram os insatisfeitos, os radicais, para destamparem os olhos moderados, que se acostumaram com a sociedade, e só quando esses abrem os olhos que se acha um caminho coerente.
Porque tratar de radicais, moderados, conservadores, pra que falar de tal assunto? Bem, ando vendo as pessoas cheias de críticas para as pessoas que não possuem um pensamento convencional, seja sobre relacionamento, sobre religião, sobre música, sobre moda, sobre cultura ou qualquer outro assunto. Nossa sociedade está formando uma geração pasteurizada, onde as pessoas querem cada vez mais serem iguais, comuns, ordinárias, normais... Papos, roupas, visuais, posições, comportamento, gostos, formas de falar, tudo aquilo que nos individualiza, acaba nos fazendo únicos, está sendo posto de lado por uma geração que parece cada vez mais ser uma única pessoa. Isso é algo que me causa espanto, principalmente, por eu ser uma pessoa tida como fora da curva, então, eu seria considerado uma pessoa fora do padrão. E pretendo continuar assim, pois não pretendo deixar meus poucos cabelos crescerem, alisar eles e usar uma franja meio desajeitada sobre um olho, usar regata cavada até no inverno, chamar malhação de treino e gastar mais tempo me arrumando que uma mulher, além de não ter conteúdo para discordar do senso comum.
Prezo muito pelo meu individualismo, gosto de ser único, original, autêntico, então, não consigo enquadrar meus pensamentos ao senso comum. Sou uma pessoa de pensamento livre, o que me faz ter independência para pensar o que eu quiser, como quiser e sobre o que eu quiser. Claro que não sou totalmente original, tenho influências dos meus pais, de pessoas que me influenciaram, que me deram motivos para repensar o mundo a minha volta, que me tornaram esse ser humano que eu sou, que é único nesse imenso mundo, afinal, você não encontrar muitos homens, negros, na faixa dos 30 e poucos anos, que consegue gostar ao mesmo tempo de samba e de heavy metal, que tem na sua playlist Jorge Ben e Louis Armstrong, que curte filmes de terror e filmes cabeças, que gosta tanto de praia, quanto de ir pra um show, que ama trilhas e também jogar vídeo game... Eu sou dos caras que não tem um tipo físico de mulher ideal, mas que ama as mulheres pelo que elas são, pelo que elas podem lhe agregar de valor na sua vida.
Um dos pontos que me causa estranheza em relação a essa nova geração é justamente isso, eles querem que as mulheres sejam todas iguais, tenham um jeito específico. Basta ver que as meninas da sua faixa de 15 a 22 anos, todas se parecem, todas têm o cabelo grande, liso e aloirado. São poucas as exceções, poucas são as mulheres que se destacam na multidão, que conseguem ter uma identidade visual própria. E isso ocorre porque a sociedade em que elas estão inseridas as repelem, exigem que elas sejam mais do mesmo, sejam apenas mais uma parecida.
Não tá acreditando? Te faço um desafio agora! Você convive com mulheres dessa faixa etária que eu falei? Então, tente descrever três dessas mulheres de uma forma clara e objetiva, falando só de características físicas e nomeando apenas 5 delas. Pois bem, você conseguiu fazer com que algumas das descrições falasse só sobre uma delas?! Não, né?! Pois é disso que estou falando. E isso se aplica aos rapazes também. É a mesma coisa, os garotos dessa faixa etária são em sua maioria, bombadinhos, com cabelos grandes, geralmente na altura dos ombros, capazes de fazê-los usar sobre os olhos... É triste isso!
Eu me lembro, que estudei no Imperial Colégio Militar do Rio de Janeiro, local onde a individualidade era quase que impossível de ser praticada, afinal, todos deviam usar os uniformes devidamente alinhados, cabelos milimetricamente cortados e tudo no uniforme era padronizado, não podendo ninguém fugir ao padrão. E aí que a gente se preocupava mais ainda em pensar formas de se individualizar naquele caos de igualdade, criávamos formas de colocar a boina, de amarrar os cadarços, de pôr as plaquetas e tudo o mais que pudesse nos individualizar no meio do todo. O objetivo era nos fazer sermos mais um no meio da multidão, mas por isso mesmo, em qualquer coisa que pudéssemos empenhar nossa individualidade, fazíamos.
Mas a característica dessa geração que acho mais nociva é que eles tolhem tudo o que é diferente, tudo o que não é o comum, tudo o que não é o que os iguala. Quando alguém diferente surge, sofre logo bullying, justamente para que essa característica que o destaca, seja reprimida e o mesmo tenha que se adaptar ao grupo, sendo novamente transformado em só mais um na multidão. Há um tempo atrás, circulou nas redes sociais a foto de meninos dessa faixa etária, numa choppada de um curso da PUC, estavam todos com o mesmo corte de cabelo, mesmo formato de corpo, mesmo tipo de vestimentas, mesmo tipo de calçados e só não estavam com o mesmo tipo de camisa, pois todos estavam sem camisas.
Então, acho que devemos de parar de nos preocupar com as pessoas que pensam fora da caixa, que pensam fora do convencional, as maiores revoluções da humanidade foram feitas por pessoas assim e por isso mesmo, espero que incentivemos mais as individualidades, falo isso para todos os que possam ler esse texto, mas ainda mais, para fomentar uma discussão, deixem cada um ser o que quiser, parem de ficar querendo impor o que alguém pode ou não ser. Se um rapaz gosta de beijar outros, deixe ele fazer isso, se ele for feliz, que assim o seja. Se uma moça não tem o comportamento padrão de ser patricinha e tal, gostar de ouvir metal pesado, se vestir de preto e usar o cabelo desarrumado, e isso a fizer feliz, deixe-a ser feliz. Se alguém não curte o tipo de programas que a maioria, isso não a fará uma pessoa melhor ou pior, só a fará diferente. Desta forma, deixa cada um ser o que quiser, deixem as pessoas beijarem quem elas quiserem, deixa as pessoas serem o que quiserem, viverem da forma que quiserem, agirem da forma que quiserem, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada senão por força da lei, afinal, como bem disse o poeta: Faça o que tu queres pois é tudo da lei!

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