segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Como Se Todos Já Tivéssemos Partido

Como Se Todos Já Tivéssemos Partido

Sabe, eu chego aos meus 35 anos com algumas poucas certezas na minha vida. Dizem alguns sábios, que quanto menos certeza tivermos na vida, melhor é para a gente viver e tal, mas ainda assim, me permito e muito ter algumas poucas certezas no mundo. E uma dessas minhas certezas é de que acabamos redimindo qualquer pessoa dos seus pecados quando perdemos ela.
Não acho uma atitude hipócrita, afinal, quando perdemos alguém, a gente abre mão das coisas pequenas e focamos só nas grandes, nos apegamos só ao amor, só as coisas boas se ficam, deixamos as coisas ruins de lado.
Proponho a gente a viver dessa forma, como se todo mundo tivesse ido embora de vez de nossas vidas, para assim esquecermos os momentos ruins, as coisas ruins que vivemos, as péssimas experiências, aquelas palavras ruins nos ditas e que nos fixemos só no amor, só nas coisas boas, só nas boas vivências, só naqueles sorrisos bem dados a nós e as grandes histórias.
Quanto tempo perdemos reclamando de quem nos ama, de quem nos quer bem? Quanto tempo perdemos falando coisas que não são agradáveis àqueles que amamos? Quanto tempo perdemos nos deixando afetar por um comentário ruim? Quanto tempo perdemos alimentando ódio, rancor e raiva? Quanto tempo perdemos fazendo coisas que não nos beneficia em nada nas relações com as pessoas que amamos?
Nos prendemos a orgulho, ego, coisas tão pequenas, que nos esquecemos do principal, do viver bem, do conviver bem, do amor, da compaixão, da amizade, do companheirismo... Nos deixamos afetar por um mundo cada vez mais egoísta, que nos faz querer sempre pensar que é mais importante ter razão do que ser feliz. E nisso, gastamos muito tempo da nossa vida querendo estar certo, fazendo as pessoas acreditarem que somos melhores, superiores e nos esquecemos de dar amor aos outros.
Ocorre que gastamos mais tempo com sentimentos ruins do que com sentimentos bons. Quantas vezes você fica com raiva e aí, se tranca no quarto, para de falar com uma pessoa que você gosta, xinga alguém que você ama, fica de mau humor, reclama, fala mal ou ainda fica irritado com alguém que você quer bem?
Estou falando dos seus pais, irmãos, cônjuge, amigos, filhos, vizinhos ou qualquer outra pessoa do seu círculo mais próximo, que você gasta mais tempo sentido coisas ruins do que coisas boas. Perdemos tempo criticando as pessoas, mas nunca nos preocupamos em elogiá-las quando elas estão certas. Sempre preferimos reclamar, falar mal, cobrar, nos esquecendo das coisas boas que as pessoas fizeram por nós.
Qual foi a última vez que você fez um elogio sincero para alguém? Quando foi a última vez que você disse que ama seus entes queridos? Quando foi a última vez que você pegou o telefone e ligou para o seu melhor amigo só por estar com saudade? Quando foi a última vez que você ajudou seus pais? Quando foi a última vez que você disse algo agradável sem ter segundas intenções com seu cônjuge? Quando foi a última vez que você chamou um amigo pra tomar um chopp? Quando foi a última vez que você fez um elogio sincero a alguém pelo bom trabalho que a pessoa fez?
Por mais que a gente se esforce, ainda assim, estamos no meio de uma sociedade que nos obriga a sermos cruéis, mesquinhos, egoístas, egocêntricos. Onde olhar para o próximo com compaixão, parece um sinal de fraqueza. Mas tudo isso, por conta do que eu estou falando, nos preocupamos em gastar o nosso tempo, mais em coisas que são negativas do que positivas.
Já falei aqui que hoje em dia eu busco fazer um exercício de para cada coisa ruim que eu falar para alguém eu tento falar ao menos cinco coisas boas a respeito dela. É uma forma de você se forçar a contrabalançar os sentimentos e estar sempre com um saldo positivo de sentimentos bons sobre os ruins. Já falei também sobre a ideia de viver como se fosse morrer amanhã e ame como se fosse viver para sempre, no sentido de que você tem que viver intensamente e amar como se isso fosse o seu combustível para viver.
Acontece que muitas vezes nos esquecemos que amar é bom, preferimos o ódio, o rancor, o sofrimento, a dor... Envenenamos nosso corpo com sentimentos ruins, acabamos enfraquecendo nosso corpo, pondo nele pensamentos ruins, que acabam atraindo sentimentos negativos, que nos prejudicam demasiadamente. Daí, sem que nos demos conta, estamos doentes, com dores inexplicáveis, com doenças estranhas, nos sentindo mal, simplesmente porque, nos entupimos de sentimentos impróprios, que não nos engrandecem e só nos fazem mal.
Daí me pego pensando tantas coisas sobre o amor. Acho o amor o sentimento mais nobre que existe, aquele que te faz se sentir melhor, que te traz mais benefícios, mais coisas boas, desanuvia a alma, deixa o corpo leve, faz a mente viajar, limpa e purifica, faz com que você fique mais sereno e mais tranquilo. E quando você ama alguém que se vai, você acaba deixando de lado tudo de ruim que vocês viveram, você se lembra com carinho das broncas, se recorda com ternura dos perrengues enfrentados, esquecemos as coisas ruins que foram ditas, nos recordamos só das coisas boas, com uma nostalgia por sabermos que nunca mais aquilo voltará.
Então, proponho a todos nós a passarmos a vivermos como se todo mundo tivesse partido de nossas vidas! É, um pacto para que possamos viver melhor. Deixando de lado as coisas ruins que nos foram ditas, focando nas coisas boas, pensando nas pessoas com ternura, afastando os sentimentos ruins, as mágoas, o ódio, o rancor, a raiva...
Podemos passar a conviver melhor como sociedade. Os americanos têm um dito popular que diz: Forgive and Forget (algo como perdoar e esquecer). E é assim que devemos viver, perdoando as coisas ruins e as esquecendo, passando a focar nas coisas boas, afinal, porque se prender a uma discussão por conta do time de futebol com o seu melhor amigo, depois de mais de 10 anos de amizade? Ou trocar um casamento de anos por uma briga por causa da toalha jogada na cama?
Acho que estamos nos tornando muito intolerantes e com isso nos esquecendo de amar aquelas pessoas que nos amam, de demonstrar o quanto somos gratos por esse amor, ou ainda, de mostrar o quanto as amamos também. Precisamos parar com essas coisas de orgulho, de ego e outras coisas banais, deixar de valorizar coisas pequenas, de nos importarmos com gestos grandes e sentimentos vazios. Temos que focar no que importa, nas coisas simples, no amor direto e incondicional. Nos lembrarmos que a vida é tão frágil, que de uma hora pra outra, aquela pessoa que estamos brigando pode não mais estar ali.
E aí, como fica? Não fica! A última palavra dita pode ter sido um xingamento ou palavras duras, que depois só nos restará o arrependimento por não termos dito o quanto amávamos, ou ainda o quanto aquela pessoa nos fazia bem. Então, pra mim, agora, devemos nos esforçar para vivermos como se todos já tivéssemos partido das vidas uns dos outros, para sermos gratos a cada reencontro, a cada palavra dita ao outro, fazermos de cada momento único, de cada abraço especial, cada beijo o melhor, cada olhar o mais amável possível, pois temos que ter a certeza de que se aquele fosse o nosso último momento com aquela pessoa que amamos, ela teria a certeza de que ela era amada por nós, independentemente de tudo o que vivemos, o amor sempre prevaleceu em nossa relação.

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