Como Se Todos Já
Tivéssemos Partido
Sabe, eu chego aos
meus 35 anos com algumas poucas certezas na minha vida. Dizem alguns sábios,
que quanto menos certeza tivermos na vida, melhor é para a gente viver e tal,
mas ainda assim, me permito e muito ter algumas poucas certezas no mundo. E uma
dessas minhas certezas é de que acabamos redimindo qualquer pessoa dos seus
pecados quando perdemos ela.
Não acho uma
atitude hipócrita, afinal, quando perdemos alguém, a gente abre mão das coisas
pequenas e focamos só nas grandes, nos apegamos só ao amor, só as coisas boas
se ficam, deixamos as coisas ruins de lado.
Proponho a gente a
viver dessa forma, como se todo mundo tivesse ido embora de vez de nossas vidas,
para assim esquecermos os momentos ruins, as coisas ruins que vivemos, as
péssimas experiências, aquelas palavras ruins nos ditas e que nos fixemos só no
amor, só nas coisas boas, só nas boas vivências, só naqueles sorrisos bem dados
a nós e as grandes histórias.
Quanto tempo perdemos
reclamando de quem nos ama, de quem nos quer bem? Quanto tempo perdemos falando
coisas que não são agradáveis àqueles que amamos? Quanto tempo perdemos nos
deixando afetar por um comentário ruim? Quanto tempo perdemos alimentando ódio,
rancor e raiva? Quanto tempo perdemos fazendo coisas que não nos beneficia em
nada nas relações com as pessoas que amamos?
Nos prendemos a
orgulho, ego, coisas tão pequenas, que nos esquecemos do principal, do viver
bem, do conviver bem, do amor, da compaixão, da amizade, do companheirismo...
Nos deixamos afetar por um mundo cada vez mais egoísta, que nos faz querer
sempre pensar que é mais importante ter razão do que ser feliz. E nisso,
gastamos muito tempo da nossa vida querendo estar certo, fazendo as pessoas
acreditarem que somos melhores, superiores e nos esquecemos de dar amor aos
outros.
Ocorre que
gastamos mais tempo com sentimentos ruins do que com sentimentos bons. Quantas
vezes você fica com raiva e aí, se tranca no quarto, para de falar com uma
pessoa que você gosta, xinga alguém que você ama, fica de mau humor, reclama,
fala mal ou ainda fica irritado com alguém que você quer bem?
Estou falando dos
seus pais, irmãos, cônjuge, amigos, filhos, vizinhos ou qualquer outra pessoa
do seu círculo mais próximo, que você gasta mais tempo sentido coisas ruins do
que coisas boas. Perdemos tempo criticando as pessoas, mas nunca nos
preocupamos em elogiá-las quando elas estão certas. Sempre preferimos reclamar,
falar mal, cobrar, nos esquecendo das coisas boas que as pessoas fizeram por
nós.
Qual foi a última
vez que você fez um elogio sincero para alguém? Quando foi a última vez que
você disse que ama seus entes queridos? Quando foi a última vez que você pegou
o telefone e ligou para o seu melhor amigo só por estar com saudade? Quando foi
a última vez que você ajudou seus pais? Quando foi a última vez que você disse
algo agradável sem ter segundas intenções com seu cônjuge? Quando foi a última
vez que você chamou um amigo pra tomar um chopp? Quando foi a última vez que
você fez um elogio sincero a alguém pelo bom trabalho que a pessoa fez?
Por mais que a
gente se esforce, ainda assim, estamos no meio de uma sociedade que nos obriga
a sermos cruéis, mesquinhos, egoístas, egocêntricos. Onde olhar para o próximo
com compaixão, parece um sinal de fraqueza. Mas tudo isso, por conta do que eu
estou falando, nos preocupamos em gastar o nosso tempo, mais em coisas que são
negativas do que positivas.
Já falei aqui que
hoje em dia eu busco fazer um exercício de para cada coisa ruim que eu falar
para alguém eu tento falar ao menos cinco coisas boas a respeito dela. É uma
forma de você se forçar a contrabalançar os sentimentos e estar sempre com um
saldo positivo de sentimentos bons sobre os ruins. Já falei também sobre a
ideia de viver como se fosse morrer amanhã e ame como se fosse viver para
sempre, no sentido de que você tem que viver intensamente e amar como se isso
fosse o seu combustível para viver.
Acontece que
muitas vezes nos esquecemos que amar é bom, preferimos o ódio, o rancor, o
sofrimento, a dor... Envenenamos nosso corpo com sentimentos ruins, acabamos
enfraquecendo nosso corpo, pondo nele pensamentos ruins, que acabam atraindo
sentimentos negativos, que nos prejudicam demasiadamente. Daí, sem que nos
demos conta, estamos doentes, com dores inexplicáveis, com doenças estranhas,
nos sentindo mal, simplesmente porque, nos entupimos de sentimentos impróprios,
que não nos engrandecem e só nos fazem mal.
Daí me pego
pensando tantas coisas sobre o amor. Acho o amor o sentimento mais nobre que
existe, aquele que te faz se sentir melhor, que te traz mais benefícios, mais
coisas boas, desanuvia a alma, deixa o corpo leve, faz a mente viajar, limpa e
purifica, faz com que você fique mais sereno e mais tranquilo. E quando você ama
alguém que se vai, você acaba deixando de lado tudo de ruim que vocês viveram,
você se lembra com carinho das broncas, se recorda com ternura dos perrengues
enfrentados, esquecemos as coisas ruins que foram ditas, nos recordamos só das
coisas boas, com uma nostalgia por sabermos que nunca mais aquilo voltará.
Então, proponho a
todos nós a passarmos a vivermos como se todo mundo tivesse partido de nossas
vidas! É, um pacto para que possamos viver melhor. Deixando de lado as coisas
ruins que nos foram ditas, focando nas coisas boas, pensando nas pessoas com
ternura, afastando os sentimentos ruins, as mágoas, o ódio, o rancor, a
raiva...
Podemos passar a
conviver melhor como sociedade. Os americanos têm um dito popular que diz:
Forgive and Forget (algo como perdoar e esquecer). E é assim que devemos viver,
perdoando as coisas ruins e as esquecendo, passando a focar nas coisas boas,
afinal, porque se prender a uma discussão por conta do time de futebol com o
seu melhor amigo, depois de mais de 10 anos de amizade? Ou trocar um casamento
de anos por uma briga por causa da toalha jogada na cama?
Acho que estamos
nos tornando muito intolerantes e com isso nos esquecendo de amar aquelas
pessoas que nos amam, de demonstrar o quanto somos gratos por esse amor, ou
ainda, de mostrar o quanto as amamos também. Precisamos parar com essas coisas
de orgulho, de ego e outras coisas banais, deixar de valorizar coisas pequenas,
de nos importarmos com gestos grandes e sentimentos vazios. Temos que focar no
que importa, nas coisas simples, no amor direto e incondicional. Nos lembrarmos
que a vida é tão frágil, que de uma hora pra outra, aquela pessoa que estamos
brigando pode não mais estar ali.
E aí, como fica? Não
fica! A última palavra dita pode ter sido um xingamento ou palavras duras, que
depois só nos restará o arrependimento por não termos dito o quanto amávamos,
ou ainda o quanto aquela pessoa nos fazia bem. Então, pra mim, agora, devemos
nos esforçar para vivermos como se todos já tivéssemos partido das vidas uns
dos outros, para sermos gratos a cada reencontro, a cada palavra dita ao outro,
fazermos de cada momento único, de cada abraço especial, cada beijo o melhor,
cada olhar o mais amável possível, pois temos que ter a certeza de que se
aquele fosse o nosso último momento com aquela pessoa que amamos, ela teria a
certeza de que ela era amada por nós, independentemente de tudo o que vivemos,
o amor sempre prevaleceu em nossa relação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário